quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Palestina, já!




A Palestina, rumo a uma grande vitória moral
Angel Guerra Cabrera

Sabendo que este desenlace é inevitável, Obama e a senhora Clinton têm feito tudo quanto tem estado a seu alcance para dissuadir a Autoridade Nacional Palestina (ANP) de apresentar a proposta, incluindo a ameaça de exercer o veto se o tema for transferido ao Conselho de Segurança (CS). Mas altos funcionários estadunidenses confessam em privado que a Casa Branca quer “evitar fazer campanha a favor do veto pois os Estados Unidos poderiam ficar isolados nesse intento”.

Em todo caso, a superpotência e seu afilhado sionista vão ficar numa inocultável posição de isolamento internacional quando o tema for discutido na AG. É muito ilustrativa disso uma mensagem enviada a Tel Aviv por Ron Prosor, embaixador de Israel na ONU: “O máximo que podemos esperar conseguir é um grupo de Estados que se absterão ou que estarão ausentes durante a votação”. “Somente uns poucos países votarão contra a iniciativa palestina”, acrescenta.

A Autoridade Nacional Palestina (ANP) se viu diante da única alternativa de levar esta questão à AG, embora tenta deixado muito claro que não abandonará as negociações patrocinadas pelo quarteto (Estados Unidos, União Europeia, Rússia e a ONU). E eis que 17 anos depois dos Acordos de Oslo, a ANP não conseguiu uma só concessão do sionismo na mesa de negociações.

Pelo contrário, seu território continua ocupado por Israel, que descumpre sistematicamente as obrigações de potência ocupante, continua aumentando constantemente a construção ilegal de assentamentos de colonos judeus na Cisjordânia, a tal ponto que do já diminuído território que a Palestina conservava antes de la guerra de 1967, restaram frangalhos.

Israel mantém milhares de palestinos, entre eles crianças e mulheres, em suas prisões por reclamar os direitos de seu povo. Sem contar o bloqueio genocida a Gaza, as operações de castigo no estilo nazista como “Chumbo Fundido” e os assassinatos, maltratos e sequestro de bens de que são vítimas crianças, mulheres, anciãos - toda a população civil palestina - pelas forças armadas israelenses, em um uso dispendioso da tecnologia militar mais moderna proporcionada gratuitamente pelos Estados Unidos para ser usada contra uma população indefesa.

É uma brincadeira de mau gosto que a estas alturas Obama se apresse a fazer circular um projeto para que pela enésima vez palestinos e israelenses se sentem para conversar, com a única finalidade de impedir que a ANP apresente à AG a proposta de reconhecimento do Estado palestino.

Só um alienado não se daria conta de que se Israel tem podido fazer pouco caso das resoluções da AG e do CS sobre a Palestina e simular que negocia a paz enquanto aprofunda e amplia sua política colonial e de agressão contra os povos árabes, é graças ao apoio incondicional de Washington. Isto inclui, de saída, o uso do antidemocrático veto no CS para impedir a mais leve medida contra a entidade sionista.

A próxima votação na AG em nada mudará a amarga situação do povo palestino, mas significará a reivindicação nessa instância do direito palestino à livre autodeterminação, e também que a ANP terá um maior acesso às instâncias da ONU e o direito de apresentar temas ante o Tribunal Internacional de Haia. Será também uma vitória e um reconhecimento moral muito merecido para um dos povos mais exemplares e tenazes da sua luta de libertação nacional.

Mas os ventos não sopram a favor de Washington e Tel Aviv no Oriente Médio, mas dos povos, como demonstram as rebeliões árabes. Já Israel não tem um aliado fiel no Egito como nos tempos de Mubarak. Nem o amigo com que contava em Ancara, que rompeu suas relações com Tel Aviv devido, entre outras razões, ao assassinato de seus compatriotas na Flotilha da Dignidade e a arrogância posterior de Netanyahu.

A América Latina, por sua parte, demonstrará na votação da AG o grau de independência da política externa em relação a Washington a que chegaram a imensa maioria dos seus países. Somente a Colômbia anunciou seu voto contrário. O México ainda não revelou que postura adotará.

Fonte: Cubadebate

Nenhum comentário: