quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O revolucionário L.I.V.R.O.

 Enquanto o Colégio Ari de Sá, em Fortaleza, anuncia o tablet como grande novidade para seus alunos, em substituição aos equipamentos ultrapassados utilizados há séculos e já sem função nestes tempos cibernéticos, um produto ainda mais revolucionário foi anunciado já no princípio deste século. O anúncio foi feito por um texto de Millôr Fernandes, que você pode ler integralmente abaixo, ou se preferir, pode assitir ao vídeo mais abaixo, com áudio em espanhol e legendas em português. Não perca a oportunidade de conhecer mais esta criação humana, antes que algum comerciante da educação lhe engane e você acabe matriculando suas crianças no negócio dele.


L.I.V.R.O - Millôr Fernandes



Na deixa da virada do milênio, anuncia-se um revolucionário conceito de tecnologia de informação, chamado de Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas - L.I.V.R.O.

L.I.V.R.O. representa um avanço fantástico na tecnologia. Não tem fios, circuitos elétricos, pilhas. Não necessita ser conectado a nada nem ligado. É tão fácil de usar que até uma criança pode operá-lo. Basta abri-lo!

Cada L.I.V.R.O. é formado por uma seqüência de páginas numeradas, feitas de papel reciclável e capazes de conter milhares de informações. As páginas são unidas por um sistema chamado lombada, que as mantêm automaticamente em sua seqüência correta.

Através do uso intensivo do recurso TPA - Tecnologia do Papel Opaco - permite-se que os fabricantes usem as duas faces da folha de papel. Isso possibilita duplicar a quantidade de dados inseridos e reduzir os seus custos pela metade!

Especialistas dividem-se quanto aos projetos de expansão da inserção de dados em cada unidade. É que, para se fazer L.I.V.R.O.s com mais informações, basta se usar mais páginas. Isso, porém, os torna mais grossos e mais difíceis de serem transportados, atraindo críticas dos adeptos da portabilidade do sistema.

Cada página do L.I.V.R.O. deve ser escaneada opticamente, e as informações transferidas diretamente para a CPU do usuário, em seu cérebro. Lembramos que quanto maior e mais complexa a informação a ser transmitida, maior deverá ser a capacidade de processamento do usuário.

Outra vantagem do sistema é que, quando em uso, um simples movimento de dedo permite o acesso instantâneo à próxima página. O L.I.V.R.O. pode ser rapidamente retomado a qualquer momento, bastando abri-lo. Ele nunca apresenta "ERRO GERAL DE PROTEÇÃO", nem precisa ser reinicializado, embora se torne inutilizável caso caia no mar, por exemplo.

O comando "browse" permite fazer o acesso a qualquer página instantaneamente e avançar ou retroceder com muita facilidade. A maioria dos modelos à venda já vem com o equipamento "índice" instalado, o qual indica a localização exata de grupos de dados selecionados.

Um acessório opcional, o marca-páginas, permite que você faça um acesso ao L.I.V.R.O. exatamente no local em que o deixou na última utilização mesmo que ele esteja fechado. A compatibilidade dos marcadores de página é total, permitindo que funcionem em qualquer modelo ou marca de L.I.V.R.O. sem necessidade de configuração.

Além disso, qualquer L.I.V.R.O. suporta o uso simultâneo de vários marcadores de página, caso seu usuário deseje manter selecionados vários trechos ao mesmo tempo. A capacidade máxima para uso de marcadores coincide com o número de páginas.

Pode-se ainda personalizar o conteúdo do L.I.V.R.O. através de anotações em suas margens. Para isso, deve-se utilizar um periférico de Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicação Simplificada - L.A.P.I.S. Portátil, durável e barato, o L.I.V.R.O. vem sendo apontado como o instrumento de entretenimento e cultura do futuro. Milhares de programadores desse sistema já disponibilizaram vários títulos e upgrades utilizando a plataforma L.I.V.R.O.





Fonte: Fernando do Val, em seu Facebook

4 comentários:

QuebraCabeça ou EsteLadoParaCima disse...

Eu acho que essa conversa sobre tablet x livro está naquela “muito barulho por nada”, não acho que nada hoje em dia exclui nada, as linguagens se somam e se transformam. Pra mim parece um pouco papo dos anos 50 quando diziam que a TV ia acabar com o cinema, que os gibis iam deixar as crianças burras e assim por diante...

Yuri Pontes disse...

Tenho uma opinião diferente: http://yuripontes.blogspot.com/2011/08/tablet-vs-livros-o-polemico-uso-de.html

Luisa disse...

Na verdade a questão é uma escola encampar uma campanha publicitária desta natureza...não é a utilização ou não de Tablet...todos e todas "com dinheiro" podem comprar um.
agora as repercussões que esta escolha terá nos processos de desenvolvimento...
de inserção...
de leitura e escrita...
deveriam ser mais pensadas.

enfim, uma Escola, teoricamente, deveria ter mais cuidado com suas escolhas...

QuebraCabeça ou EsteLadoParaCima disse...

Yuri e Luisa, se olharmos bem, nós três temos praticamente a mesma opinião sobre o tema. Devo acrescentar aqui que meu ofício é fazer livros, vivo disso e nos últimos anos tenho trabalhado quase que exclusivamente na área de didáticos, portanto esse é um assunto que me interessa literalmente.
A campanha é péssima e o cliente... bem, esse esquema educacional absolutamente empresarial sim é que merece análise e reflexão.