terça-feira, 20 de julho de 2010

Terra do Sol

Dizer que o Ceará é a Terra do Sol não tem nada de invenção. Dizer que no Ceará o sol nasce mais bonito pode ser manifestação de puro bairrismo, mas diante dessas imagens que a Sonynha me ajudou a registrar, é difícil não concordar. O lugar é a Praia de Quixaba, uma vila de pescadores situada a 150 km ao leste de Fortaleza, bem ao lado da conhecida, e hoje desfigurada, Canoa Quebrada.

Ainda era noite quando acordei. Meu filho Guilherme e seu amigo Davi também queriam ver o sol nascer, mas o sono foi mais forte que a vontade, por isso deixei pra acordá-los um pouco mais tarde. Diante de tanta beleza não há muito o que fazer senão enquadrar a imagem mais bonita e disparar o diafrágma da câmera. Em pouco mais de meia hora, o resultado é esse aí.

"eu vou até quebrar a barra"

"quebrar a barra"

"e pegar o sol com a mão"

sol que doura o mar

"lá vem o sol"

madrugueiros flagrados pela sonynha

Virgulino Lampião em quadrinhos

De vez em quando cito por aqui ideias e feitos de Virgulino Lampião, o Rei do Cangaço. Gosto muito de citar sua máxima de que um cabra nunca deve ter apenas uma alternativa na vida, deve sempre ter mais de uma saída para as situações difíceis. Infelizmente o Capitão Virgulino desconsiderou esse seu pensamento na última noite de sua vida. Infelizmente nossa trajetória tem dessas coisas, vez por outra nos deixamos levamos pelo momento, pelo emocional, sem considerar certas razões que dão sustentação aos nossos atos e palavras.

Além de Lampião, gosto muito de quadrinhos. Já li muito quando menino e agora vejo meu menino, o Guilherme, agarrado numa revistinha ignorando tudo que acontece por perto. Juntos frequentamos bancas de revista, mas nosso paraíso é a Revista e Cia, onde ele escolhe sua revistas e eu encontro algumas raridades do passado e preciosidades do presente, como a Comuna de Paris em quadrinhos.

Ontem à noite Lampião e quadrinhos chegaram a mim da forma mais contemporânea: via internet. O meu sobrinho-genro, Zé Wellington tuitou uma publicação da revista "Lampião", feita e publicada pelo Klévisson Viana, um telentoso desenhista/cordelista nascido no meio do sertão cearense. A publicação, que eu já conhecia no papel e  tenho uma em casa, é muito bacana e acho que você deveria ler. Você vai saber mais sobre Lampião e ver um trabalho primoroso. Clique ali embaixo e espie se eu não tô coberto de razão.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Índio fala por Serra

Está muito enganado quem acredita que vice da chapa demotucana falou sobre ligações do PT com as FARC e o narcotráfico sem combinar com Serra e o resto da curriola. Se ele falou sem combinar, como a entrevista foi parar no site da campanha? Se o resto da curriola não sabia de nada, porque agora já começam aparacer declarações de tucanos e demos, inclusive o próprio Serra, concordando, e até reforçando as palavras do vice, um legítimo representante da nova direita brasileira? (se é que pode falar em novidade, quando se fala em direita). Cada um fala uma coisa, mas o fato é que o bode tá na sala.

Pra mim Índio da Costa fez tudo combinado. A turma do Serra pautou e entrevistou o cara e pôs no ar. Depois veio a segunda fase da operação direitista. Retirarm o material do site, mas foi tudo testado em pesquisas qualitativas, analisadas as reações do público consultado, percebeu-se que podia dar algum resultado e a polêmica ainda tá redendo. Já que a campanha demotucana não tem como bater no Lula, certamente as pesquisas mostram reação altamente negativa, bate-se no PT, nos petistas e aí vai sobrando pra Dilma.

Nessa ação a mídia hegemonista joga um papel destacado. Chamo atenção pro Ricardo Noblat , cujo blog é um verdadeiro instrumento de campanha demotucana. O cara foi atrás de uma matéria da revista Época publicada há quase dois anos pra vincular Lula e o PT às FARCs. Quase todos os veículos da midiazona estão "aliviando a barra" do Serra por um lado, mas por outro atrás de vínculos que possam criar constrangimentos para a campanha da Dilma. Não vamos esquecer da capa cretina da Veja na semana passada tentando caracterizar Dilma como esquerdista incontrolável. Nunca é demais lembrar que nestes dias dois institutos de pesquisa irão à campo medir a aceitação das candidaturas. Nessas horas sempre repercute qualquer desgaste. Se essa operação repercutir negativamente sobre a Dilma, vão surgir todo tipo de analista opinando sobre os rumos da campanha, as ligações políticas dos candidatos e as vantagens e desvantages de cada um deles. Vamos ver no que dá.

domingo, 18 de julho de 2010

"Cansei de ser branquinho"

O racismo é algo tão abominável que nem deveriam existir pesquisas, dissertações, teses e tanto outras formas de estudos para analisá-lo, compreendê-lo, explicá-lo e enfrentá-lo. Bastaria simplesmente que o rejeitássemos. Sei que a coisa é muito mais complexa, há fatores históricos, econômicos, sociais, antropológicos e políticos que geram a discriminação racial e suas consequências repugnantes. Mas pro Rafael, que deve ter uns cinco anos, a coisa é ainda mais simples. Basta que ele cubra o corpo de lama escura para que ele deixe de ser branco e passe a ser negro. Ou seja, não há nenhuma diferença entre as pessoas por conta da cor de sua pele, o que faz surgir a distinção e a discrinação é uma cultura adquirida pelos seres humanos por conta de interesses que em nada contribuem para o bens estar das pessoas e as relações entre as pessoas. Veja que coisa mais bela esse vídeo caseiro, onde o Rafinha nos dá uma aula de civilidade.

  

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Deu Naranjito e a cor é vermelha

Não foi polvo, nem periquito, nem laranja, quem levou mesmo a Copa da África foi o Naranjito, lembra dele? Nunca é demais lembrar que a Espanha é o país que mais produz laranja, por sinal muito saborosa, na Europa, enquanto que a Holanda usa um laranja por conta do Reino de Orange, coisa tão antiga que o país mudou a bandeira e onde tinha a cor laranja, agora tem vermelho. Pois é, vermelho, da cor da "Fúria", que ontem jogou muito e mereceu a vitória. A Holanda mudou a cor na bandeira e optou pela cor vitoriosa. Enquanto a Espanha, por conta do regulamento, jogou com outra cor, mas com a alma vermelha e ficou com a vitória.

sábado, 10 de julho de 2010

No Ceará, educação é assim

Os índices da Educação

Izolda Cela*

Qualquer um de nós, “especialista” ou não, que teve uma experiência suficientemente positiva na vida escolar, arrisca, com sucesso, algumas teses para explicar bons resultados de um processo educacional. Em síntese, a ideia de uma boa escola responde a isso, e, regra geral, as pessoas identificam os elementos essenciais que a caracterizam.


Então, para fazer com que os índices da Educação do Ceará perseverem na rota ascendente em que se encontram, devemos perseguir, obsessivamente, a boa escola para as crianças, meninos e meninas, juventude e adultos do nosso Estado. E quem nos responde sobre a figura da boa escola?

Para termos o pé bem firmado na realidade e para reconhecer e valorizar a prata da casa, que tal perguntar disso às boas escolas públicas do Ceará? Vamos, portanto, indagar àquelas que estão garimpando bons resultados nas séries iniciais do ensino fundamental que, ainda hoje, por incrível que pareça, representam um grande desafio nacional.

Para além das singularidades, muito provavelmente nós ouviremos dessas escolas sobre processos de liderança bem implantados, com forte senso de comprometimento e de unidade; são escolas que avançaram nas competências de gestão do pedagógico e o(a) diretor(a) dá conta do que se passa em cada sala de aula; os professores têm expectativas elevadas sobre o desempenho de seus alunos e se sentem apoiados pela direção; são escolas que acolhem as famílias e, delas, cobram atitudes de responsabilidade pela parte que lhes cabe. São escolas que, evidentemente, enfrentam dificuldades de diversas ordens, mas não fazem da queixa o carro-chefe de sua rotina. Com escolas assim, os alunos aprendem. Uma escola pode ser boa no espaço das felizes exceções. Aqui não se trata disso. Para melhorar os índices, é necessário ter boas redes de escolas. Também neste âmbito, o Ceará começa a ter algo a dizer.

O que se ouve destas redes que começam a avançar? Elas dizem sobre a presença de metas claras, com processos e insumos que permitem à escola trabalhar melhor, com acompanhamento rigoroso e avaliação dos resultados, com políticas de incentivo e reconhecimento ao esforço dos profissionais, com investimento na melhoria das estruturas e das condições de trabalho. Com redes assim, os índices educacionais do nosso Estado continuarão melhorando.

No que toca mais especificamente ao espaço político, a garantia real do status de prioridade à Educação. Cada governante precisa entender e sentir que os resultados são de sua responsabilidade. Além disso, investir no melhor dos esforços articulados entre os entes federativos para termos melhores condições de alcançar esta vitória. Com o melhor da política, os índices educacionais do nosso Estado seguirão melhorando. É este o compromisso do Governo Estadual.

*Secretária de Educação do Ceará

Satisfaction

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Pra não esquecer

"Quem perdeu o trem da história por querer
Saiu do juízo sem saber
Foi mais um covarde a se esconder
Diante de um novo mundo"


(Canção do Novo Mundo - Beto Guedes)

Um trem pra casa



Uma coisa que lamento muito é que no Brasil praticamente não se use trem pra viajar. Gosto muito de viagens e não tem nenhum jeito mais gostoso de viajar do que num trem. Pelo menos dos que eu conheço e acho que viajei de quase todo jeito, tirando foguete, ônibus espacial e algum outro menos comum. O trem é poético, é musical, é manhoso, é romântico, não é ligeiro, nem lento demais, é o jeito mais bacana mesmo. Agora, viajar, de trem e no rumo de casa, aí num muita pouca coisa melhor não.

Não sei se é pelo trem, se é pela música mesmo ou se é porque indica o caminho de casa, mas Last Train Home, do Pat Metheny é dessas músicas que você nunca quer que acabe. Já gosto dela desde muito tempo e até já a ouvi executada pelo próprio, num show em Brasília, quando eu morava por lá. Foi um deleite quase sem igual.

Hoje tô com saudade de casa, com vontade de ficar em casa, com vontade de voltar pra casa, pegar um trem e deixar pra trás uma gente "chata e careta", como diz Cazuza. Acho que por essa razão essa música grudou na minha mente. Escute.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Ideias pra viver

No dia 7 de julho de 1990 eu estava em Brasília numa reunião do PCdoB. Era ano eleitoral, o partido disputava a terceira eleição depois de reconquistar a legalidade em 1985, e tínhamos muito o que conversar sobre os aspectos jurídicos batalha eleitoral daquele ano. Numa sala da sede do PCdoB do Distrito Federal, representantes de uns 10 estados, a maioria advogados ou estudantes de direito, como eu, quase todos bem jovens, tentavam desvendar os mistérios da legislação eleitoral de modo que o partido não tivesse muitas dificuldades pra ampliar sua bancada de deputados federais e estaduais.

Na tarde daquele sábado Marquinhos, comunista baiano estabelecido no Planalto Central em busca de trabalho, entrou na sala durante um intervalo da reunião e deu uma notícia que mexeu com o astral de quase todos: Cazuza morreu. Foi duro aceitar um fato que estava prenunciando há algum tempo, numa agonia que transbordava pelas páginas de jornais e revista (a Veja já aprontava as suas, como uma capa apelativa, que gerou um acirrado debate), enchia os telejornais e comovia os fãs. A reunião seguiu, mas o clima era outro, que se não chegou a comprometer o resultado, também não permitiu ir além dele.

À noite o mesmo Marquinhos convidou parte da turma, em especial os baianos Jefferson e Pimentel, além desse cearense contador de histórias, para aliviar a mente num lugar chamado Bom Demais. Naquele barzinho da Asa Norte, na altura das 700, muitos músicos brasilienses fizeram sua despedidas antes de embacarem pra tentar a sorte no chamado "Eixo Rio/SP". Naquela noite triste quem se despedia era um baixista que resolveu homenagear o ídolo finado cantando suas músicas junto com vários outros músicos que também estavam por ali. Foi uma noite inesquecível pela emoção, pelo encontro com muita gente boa, pela dor coletiva, pela noite adentro, tudo muito exagerado.

Não poderia ser diferente diante da morte de uma criatura capaz de marcar tanto uma geração, a sua, e outras que se seguiram e aprenderam a admirá-lo. Cazuza não teve dó de si, mostrou sua cara pro Brasil; inventou amores e amou de forma diversa; pra não dançar, sonhou acordado, sem medo de sentir dor; não deu bobeira, viveu intensamente a sua realiade e ainda curtiu a tarde inteira; não deixou que o tempo parasse e levou uma vida louca, e a vida o levou. Deixou mesmo uma marca forte na vida e no comportamento de muita gente. Quer prova disso? Observe quanta gente vai falar com você sobre os 20 anos da morte do Cazuza, quantas matérias serão veiculados nos meios de comunicação sobre a trajetória do Cazuza, quantas vezes você vai ouvir músicas  do Cazuza nas emissoras de rádio e, sem se aperceber, você vai chegar em casa co vontade de ouvir aquela coletânea ao vivo do Cazuza, ou algum disco do Cazuza que você em casa. Nada disso será por acaso. Cazuza tinha ideias, concordemos ou não com ele e com elas, e por isso vive até hoje.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Frida, a beleza das cores

"Eu pinto auto-retratos porque sou a pessoa que eu conheço melhor."
Hoje é aniversário de Frida Kahlo
que pintou a vida com cores tão vivas 
que não há como deixar de percebê-las 
mesmo onde não parecem não estar.

Emoções infantis

Já falei aqui mais de uma vez o quanto vibrei na minha primeira Copa do Mundo de Futebol, em 1970. Tinha menos de 10 anos e dava voltas no quarteirão da Rua Deolindo Barreto, em Sobral, com com meu irmãos mais velhos. Pra criança a emoção do campeonato mundial de seleções de futebol talvez esteja muito mais associada à agitação do que mesmo ao futebol. Em geral toda criança é muito emotiva, não esconde o que sente e até extravasa, como fez o já famoso Salomão, que espero um dia ver um outro sobre sua emoção com o hexa, em 2014, aqui no Brasil.

Captar e transmitir o sentimento duma criança não é empreitada simples, ainda mais quando a criança é daquelas bem espertas. Ajudá-la a entender certos desafios da vida, as vitórias e as derrotas sempre nos trazem um bom aprendizado. Sobre isso o jornalista Dalwton Moura, de quem sou colega de trabalho, escreveu uma bela crônica depois do jogo Brasil x Holanda e por tantas razões eu a publico aqui. Descubra minhas razões lendo o texto abaixo.


Emoção nas lágrimas das crianças

A imagem do menino de camisa amarela chorando nas arquibancadas do Estádio Sarriá a eliminação da brilhante seleção brasileira de 1982 é até hoje uma das mais lembradas sobre a Copa do Mundo. Sobre derrotas do Brasil na Copa da Mundo, cumpre pontuar, diante de todo o impacto que um "resultado negativo", no dizer dos boleiros, causa ao País que se orgulha de ser o único a chegar por cinco vezes ao topo do futebol mundial.

Como a Itália também disse adeus à África do Sul mais cedo do que se supunha, a primazia verde-amarela na história das Copas será mantida até 2014, quando nosso País tornará a receber o Mundial para tentar se recobrar de outro trauma - a fatídica derrota de 1950. Mas esta já será outra história...

Por ora, o choque tem a cor vistosa das camisas alaranjadas, que impuseram a realidade ao Brasil de Dunga, Felipe Melo, Ricardo Teixeira e João Havelange. E de sete volantes convocados, de discurso de "grupo fechado", de mais "eficiência" e menos "futebol-arte", de sempre-conflito com a imprensa, de total perda do controle emocional de jogadores experientes no segundo tempo da partida de ontem - justo quando o time mais precisava de equilíbrio e convicção, para superar as adversidades daquele momento.

Enquanto milhões de brasileiros assistiam à derrota que se anunciava, irrecorrível, nos campos da África do Sul, deparei com a missão de dar esperança e consolar um pequeno torcedor: meu filho, Levi, de nove anos, para quem esta foi a primeira Copa do Mundo "pra valer". Daquelas de encher as páginas do álbum de mais de 600 figurinhas, com a mobilização entusiasmada da avó ajudando no escambo das repetidas. De arriscar palpites e medir as possibilidades de zebras e favoritos, traçando a "futurologia" a partir da tabela dos grupos. De vestir a camisa amarela desde o despertar, nos dias de seleção em campo. E a recordação não será das melhores.

Esperança?


A mim coube a tarefa - como cumpri-la? - de dizer que nem tudo estava perdido. Claro, havia tempo para buscar ao menos um empate. Mas o fato é que, por mais tempo que houvesse, aquele time, tão enervado quanto perdido em campo, jamais conseguiria escrever a história de forma diferente.

E as lágrimas de meu filho não esperaram o apito final. Caíram assim como as do garoto de 1982: sinceras, pungentes, inconsoláveis. Cortantes ao coração de um pai na tentativa de explicar que, sim, o esporte, como representação da vida, tem dessas coisas. Que quando se perde a cabeça o fracasso fica mais próximo. Mas que nenhuma derrota é definitiva. E que é preciso ter força para seguir adiante. Rumo a outros sonhos, que, nos gramados do cotidiano, não tardam a chegar.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

5 de julho - Dia de Sobral


A primeira festa de aniversário de Sobral que eu me lembro aconteceu em 1973, quando a cidade fez 200 anos. Todo dia tinha uam coisa acontecendo, mas nunca vou esquecer do dia em que vi o Mestre Luiz Gonzaga tocando na carroceria dum caminhão. Foi a única vez que vi o Rei do Baião ao vivo, mas foi tão bom que lembro direitinho da cena até hoje. Isso aconteceu no dia 5 de julho.

Não passei muitos aniversários de Sobral na cidade, não vou muito à Sobral, acho que não sei muito sobre Sobral e acompanho pouco o que acontece por lá, mas todo mundo sabe que gosto demais de Sobral e tenho todas as qualidade e defeitos que todo sobralense tem,  e por essas razões hoje estou em em festa, mesmo sem estar em Sobral.

Em Sobral se diz que a cidade é cheia de cenas fortes. Isso é mesmo verdade e muitas estão registradas, como essa da foto em que aparece a antiga Praça da Coluna num dia de inundação do Rio Acaraú, acho que em 1924. Outras fotos você vê na galeria Das Antigas do blog Sobralense da Gemma.

Infelizmente há também uma tristeza muito grande nessa data. Entre os sobralenses havia um, o Régis Ferreira Gomes, que eu tinha quase como irmão, um irmão da vida, que da vida partiu no dia do aniversário da cidade que ele tanto amava e dela muito sabia.


PS triste

Já no final do Dia de Sobral, soube que a data ganhou mais uma nota triste com o faleicmente da Gemma Galgani, cujo blog citei acima. Gemminha sofreu um AVC há 10 dias, ficou em tratamento até hoje, mas não foi suficiente para mantê-la viva. Há muitos anos não a via, até o dia em que fui participar do seminário sobre música em Sobral. Nos encontramos no show do Humberto Pinho, trocamos palavras e afagos. Seu blog reproduzia algumas postagens Do Carvalho, quando se referiam à nossa cidade, e ela me fazia sempre uma referência carinhosa. Gemma vai deixar muitas saudades.


Atualizado à 23h50m do dia 05.07.10

Sobralense longe de casa



Já fazem 30 anos que saí de Sobral, mas como diz o ditado, Sobral não saiu de mim. Vou pouco à minha cidade, vejo pouco minha mãe e meu pai, mas não há nada que diminua meu amor pela cidade, por meu pai e minha mãe. Não encontro muitos sobralenses, amigos de colégio, das ruas em que morei, da turma eterna que integrei e integro até hoje, das atividades que realizei, mas nada me separa dessa gente. Meu filho Guilherme não nasceu em Sobral, mas nada é capaz de desfazer o elo entre ele e a cidade de onde veio parte de sua família.

Há muitas razões pra ser sobralense, além do fato de ter nascido cidade. Tenho amigos e amigas que nem nasceram em Sobral, mas depois que lá chegaram, mesmo sem largar suas origens, viraram sobralenses por opção. Cito um que vale por muitos, o Joan Edessom, que sabe mais da cidade do que muitos nascidos lá. Gostou tanto que já escreveu um livro sobre o Padre Osvaldo Carneiro Chaves, outro que não nasceu, mas virou sobralense, mesmo que Granja tambem não tenha saido dele. É assim, ser sobralense é um privilégio, mas é também uma opção.

De Sobral pro mundo, um clássico

Há mais de um ano publiquei aqui uma entrevista muito bacana do Renato Aragão onde fala que a imprensa chamava seu trabalho de "humor indigente" e que muita "gente boa", só assumiu que assistia Os Trapalhões depois que Carlos Drummond de Andrade, Caetano Veloso e outros tais declaram que gostavam do programa. A coisa era mesmo típica de uma admiração contida pelo preconceito. Lembro que quando comecei a viajar pra outros estados, no início dos anos 80, seja por conta do movimento estudantil ou a passeio, ao saberem que eu era cearense, as pessoas falavam logo do Didi Mocó e suas gaiatices. Engraçado que ninguém falava do Renato Aragão, mas do seu personagem, e eu tratava logo de dizer o nome completo do cidadão: Didi Mocó Sonrisal Colestorol Novalgina Mufumbo. A prosa era longo porque muita gente lembrava uma história dos Trapalhões e narrava quase encenando.

Pois bem, entre as melhores coisas que Didi, Dedé, Mussum e Zacarias fizeram como Trapalhões, pra mim, está essa interpretação de Teresinha. Os caras simplesmente dão um show de gaiatice trapalhona. Portanto, neste dia em que Sobral aniversaria, vai aí um clássico do humor brasileiro. Divirta-se.

domingo, 4 de julho de 2010

"Peladas", filme de emoções fortes



Um filme rodado em 24 países distintos, cheio de emoções muito fortes, sorrisos e gritos, gente vestindo pouca roupa, correndo em locais públicos atrás de um único objetivo: a diversão. Entre os participantes uma fêmea redondinha, muitas vezes branquinha, preferencialmente de pele macia, mas não se dispensa a diversidade, sempre levando em conta as condições e circunstâncias de cada gente e lugar. Fêmea com várias denominações, a mais recente é Jabulani,  mexe com a cabeça e os pés de homens e mulheres em todo o mundo. É amada, desejada, mas também judiada de todo jeito pela falta de talento, mas também pelos mais talentosos que capricham especialmente nos chutes para deixá-lo no lugar que mais deseja estar, o gol.

É mais ou menos sobre isso que trata o filme "Peladas", do jovem diretor americano Ryan Wright, que circulou pelo mundo atrás de futebol fora dos gramados oficiais, no meio da rua, nos rachinhas e rachões, em locais inusitados. São 25 histórias de 24 países diferentes. Mais histórias que países porque no Brasil são duas histórias. Num tem jeito, aqui o futebol tem muito mais do que vimos na Copa da Àfrica, mas aí é outro enredo.

Veja então esse vídeo com uma matéria sobre o filme. É da Globo, passou hoje no Esporte Espetacular e eu só o vi na internet. Mas não ligue, vale a pena ver, afinal ali também se faz umas coisas legais.

Música pra combinar com o domingo gostoso



O domingo amanheceu ensolarado, eu acordei meio floydiano e por isso deixo pra você essa belíssima interpretação de The Great Gig in the Sky, pelo próprio Pink Floyd, acompanhado das incríveis Durga Mcbroom, Sam Brown e Claudia Fontaine. Deleite-se.

4 de julho - Dia de Piripiri

Já havia lido muito, e ainda lerei muito mais, sobre a Guerrilha do Araguaia. Quando li o livro "Testamento de Luta — a vida de Carlos Danielli", do jornalista, pesquisador e escritor, Osvaldo Bertolino, soube que um dos atalhos usados pelos militantes do PCdoB que entravam e saiam da região onde se deu o conflito incluia a cidade de Piripiri, no Piaui de onde veio minha mãe, meu nome oriundo do Vovô Inácio e parte do meu sangue. Só lembro de ter ido uma vez àquela cidade de nome apimentado, mas de lá conheço gente querida, afetuosa e determinada. Uma que me deixava meio cabreiro é porque o time de futebo de lá se chamava 4 de Julho. Será que tavam homenageando a independência dos Estados Unidos? Era demais pra minha alma antimperialista. Mas nada disso é do dia em que Piripiri virou cidade em 1910. Por estas razões simples quero parabenizar a cidade, seus cidadãos e cidadãs.

sábado, 3 de julho de 2010

Um soldado contra a guerra

O cabo Mike Prysner, do exército dos Estados Unidos, foi à guerra no ano de 2003 para combater os terroristas no Iraque, segundo lhe ensinaram seus instrutores, para quem somente os guerreiros do Tio Sam seriam capazes de levar a liberdade e a democracia para aquele lugar dominado por um déspota sanguinário, líder de uma gente primitiva e inculta. O que o  soldado americano viu lá foi algo bem diferente, ao ponto de concluir que os verdadeiros terroristas eram os que ocupavam o país herdeiro da Mesopotâmia e levavam sofrimento àquele povo que, no passado, desenvolveu a ciência, a cultura e as artes.

Cabo Prysner largou a tropa e engajou numa batalha contra a guerra e o que fazem as tropas americanas no Iraque e no Oriente. Sua tropa passou a ser IVAW - Iraq Veterans Against War ( Ex-combatentes no Iraque contra a guerra) e sua arma principal a palavra, a força do verbo que denuncia os crimes cometidos não só pelas tropas nos campos de batalha, mas também pelo capitalismo que provoca guerras porque delas necessita para sua sobrevivência mórbida.

Tomei conhecimento de Mike Prysner por uma dica do Emerson Torres, conterrâneo sobralense, que me mandou um vídeo, que me instigou a buscar mais informações e que me levaram à esse vídeo que você deve assistir com muito interesse. Nele o jovem americano chega a alertar os soldados, marinheiros, fuzileiros e aviadores nada tem a ganhar com a guerra, que a maioria da população dos Estados Unidos também nada ganha, pelo contrário, sofre muito mais especialmente pelos que morrem ou são mutilados. Por outro lado a classe dominante lucra bilhões numa guerra que custa 400 milhões de dólares por dia, com o sofrimento dos trabalhadores que vão à guerra lutar contra outros trabalhadores.  Por fim o soldado ainda faz uma denúncia da crise capitalista, alerta que os verdadeiros inimigos não estão a 5 mil milhas de distância e conclama que o povo se organize e lute por um mundo melhor.

A denúncia é mesmo muito forte, foi feita há muito tempo, mas praticamente ninguém tomou conhecimeto. Isso revela, mais uma vez, o quanto a informação é controlada, o quanto a chamada "grande imprensa" é domesticada, o quanto a guerra tem muito força além dos campos de batalha e o quanto não dá pra ficarmos quietos diante de tanto absurdo.


VID091228_Mike_Prysner from Passa Palavra on Vimeo.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Faltou gol

Foi o Chico Lopes que me lembrou a história: numa eleição acontecida num ano em que ele não se lembra, o jornalista e político do MDB,  Dorian Sampaio, deu uma sintética explicação para um insucesso eleitoral: "Faltou voto!".

Pois é, faltou gol ao Brasil na Copa da África e, por essa razão, o time brasileiro volta pra casa mais cedo do que a gente esperava e na hora que merecia. Mais do que isso não dava.

Agora leia, começando pelo fim, o artigo do Ricardo Kotscho, sobre o jogo de hoje e não perca a esperança.

"Assim que o jogo acabou, minha filha Mariana me ligou e ouvi um choro sentido no celular. Era minha neta Laura, de sete anos, que passou as últimas semanas colecionando figurinhas da Copa, na maior alegria, sempre vestida com a camisa da seleção, agora inconformada com o Brasil fora da disputa. “Eu nunca vi o Brasil ser campeão!”, queixava-se, e chorava.

Para piorar, a sua cachorrinha, a Pipoca, estava na maior alegria, pulando e latindo, querendo brincar com ela. Travou-se então este diálogo:
_ Mãe, por que a Pipoca não está chorando?
_ Porque ela é apenas uma cachorra…
_ Então, eu preferia ser uma cachorra também…
Calma, Laurinha, 2014 vem aí. Este nosso time de 2010, como o de 1974, não vale a tua tristeza."

Leia mais ...

Tem sim senhor!!!


Logo depois que a Holanda derrotou a Eslováquia por 2x1 e foi definida como adversária do Brasil nas quartas de final da Copa da África, liguei pro Guilherme, meu filho e perguntei o que ele achava. A resposta veio na lata, ou no espremedor, se preferir: "Pai, vamos tomar laranjada com o Dunga!". A confiança do meu miúdo é muito grande mesmo e, por isso, desejei assitir ao jogo de logo mais com ele, pra sentir de perto sua energia, sua segurança e sua vitalidade. Parafraseando o palhaço Carequinha, dos meus tempos de menino: "Hoje tem laranjada, tem sim senhor!!!!".

A tempo: Ontem vi uma matéria na TV feita na Holanda e a torcida de lá tá bem receiosa de ver seu time ser expremido pelo nosso hoje. Não seria muita novidade. As duas seleções já vão se enfrentar pela quarta vez em copas mundiais de futebol, ganhamos duas vezes (94 e 98) e eles ganharam uma, em 1974, quando surgiram com fantástica Laranja Mecânica e o Brasil era apenas uma sombra do quase incomparável time tricampeão de 1970. Vai ser jogão e quem ganhar vai jogar no Soccer City, dia 11 de julho, provavelmete contra a Argentina.

Charge do Ênio Lins, da Gazeta de Alagoas, que fui buscar no Blog do Luciano Siqueira 


O Brasil  vai jogar hoje com a camisa azul e pra Holanda não esquecer os efeitos dessa cor sobre o laranja, vai uma imagem inesquecível.


Ficha Limpa?

A escolha do deputado Índio da Costa foi uma imposição do DEMo ao Serra para que a aliança nada santa fosse mantida. Um dos pretextos para que o ex-genro do banqueiro mafioso Salvatore Cacciola fosse o escolhido (mas dificilmente eleito) foi o fato dele ter sido o relator do chamado Projeto Ficha Limpa na Câmara dos Deputados. Pelo cabra ser muito desconhecido, não sei se ele escaparia da lei por ele relatada, mas se o seu desempenho como deputado for sua referência, o dito cujo é mais sujo do que pau de galinheiro. Veja uma pequena síntese da atuação parlamentar do dito cujo publicado pelo insuspeito Jornal do Brasil:

Vice incômodo

Desgastado pela repercussão desfavorável da escolha do deputado Índio da Costa (DEM-RJ) para seu vice, o candidato do PSDB, José Serra, esquivou-se ontem de falar sobre o companheiro de chapa. Índio é o quarto deputado mais faltoso entre os 46 do Rio. Ele se ausentou em 175 das 601 sessões da atual legislatura - 29%, para média de 19% dos parlamentares. Na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, foi só a 112 das 332 sessões - as faltas chegam a 66%. Índio é um dos cinco deputados do Rio que mais usaram verba indenizatória: R$ 734 mil - R$ 414 mil só em "divulgação e consultorias".

Continuar mudando

O Datafolha divulgou sua mais recentes pesquisa sobre a sucessão presidencial e pelo visto tá difícil o instituto da "Famiglia Frias" continuar escondendo a tendência do eleitorado brasileiro. Também nessa pesquisa a Dilma, com 39%, superou o Serra, com 38%, a exemplo do que já confirmaram as pesquisa do Vox Populi e do IBOPE, que indicaram 40% e 35%, respectivamente para Dilma e Serra.

Há coisa de um ano a Veja publicou uam entrevista do dono do IBOPE, Carlos Montenegro, em que ele assegurava que Lula não elegeria seu sucessor e mais, que Dilma não ultrapassaria os 20%. Difícil a situação do moço lá. Com a maior cara de pau, diante do crescimento incontestável da ex-ministra, o dito cidadão simplesmente dise que não acreditava ter dito aquilo. Pois eu acredito e a prova taí nessa imagem. Ele disse, e esabia que tava dizendo uma estupiz, mas tinha de dizer para prestar o papel que lhe cabia naquele momento que era de, junto com a Veja, tentar criar obstáculos para a candidata escolhida por Lula para sucedê-lo. Não conseguiu e agora até o IBOPE dele confirma a liderança de Dilma com 40%, o dobro do teto que ele estabeleceu.

Nessa semana o Correio Braziliense publicou um interessante artigo do Marcos Coimbra, presidente do Instituto Vox Populi, sobre a tendência do eleitorado brasileiro nas eleições deste ano. A mote é a alternância de governantes, argumento usado pela oposição para justificar a necessidade do Brasil exercer a democracia. Essa tese merece uma pergunta bem típica desses tempos de Copa do Mundo: e se o time estiver ganhando deve-se  mudá-lo? E se o time tiver perspectiva de jogar melhor ainda, não é caso de reforçá-lo? Já quase no final do seu artigo Coimbra diz o seguinte: "A democracia não está na ideia abstrata de alternância. Para o ideal democrático, o relevante não é o conteúdo da escolha. Tanto faz que os cidadãos prefiram continuar ou mudar. O que torna uma sociedade democrática é haver instituições que assegurem, a cada cidadão, a possibilidade real de escolher".


Eu acho que o cabra tá coberto de razão e digo mais, o povo brasileiro não é besta não e sente cheiro de democracia no Governo Lula. Que um exemplo? Talvez as experiências mais democráticas vividas pela sociedade brasileira foram as conferências temáticas, que não tiveram início no Governo Lula, é bom que se diga. Desde 1941, com a 1ª Conferência Nacional de Saúde, que os brasileiros e brasileiras debatem temas como educação, meio ambiente, moradia, esporte, juventude, movimento negro, movimento de mulheres, diversidade sexual, comunicação, etc. São quase 60 anos em que segmentos diversos, com todas sua multipliciade de opiniões divergentes e convergentes, debatem entre si, com a participação do poder público, que acaba tendo que se comprometer, ou pelo menos se envolver de algum modo, com as propostas aprovadas. Pois bem, ao longo de todo esse tempo foram realizadas mais de 100 conferências, mas foi apenas nos quase 8 anos de Lula que pelo 60 delas se realizaram. Gostou de saber dessa? Isso é democracia, pra não falar da plena liberdade de expressão que vive a imprensa a ponto do jornal O Estado de São Paulo, em seu editorial, chamar o Presidente da República de quadrúpede e publicações como a Veja, Folha de São Paulo, O Globo e similares, se acharem no direito de mentir, deturpar, caluniar, achincalhar, fantasiar à vontade sobre Lula, seu governo e seus aliados. Apesar disso brasileiras e brasileiros acham que o país deve continuar com a turma do Lula pra que as mudanças continuem acontecendo.

Concluo com a conclusão Marcos Coimbra e lhe deixo à vontade para refletir sobre essa questão da democracia e da alternância no poder, mas eu penso assim, se alguém topar tentar me convencer do contrário, habilite-se. Diz lá o Coimbra: "Se a maioria da sociedade brasileira quer a continuidade e vota Dilma, é bom que todos se acostumem, incluindo os que querem a alternância. Em si, ela só é importante como uma possibilidade. Se não, nem seria preciso haver eleições. Bastaria trocar o governo a cada período estipulado. (O problema é que ninguém saberia como fazê-lo.)"