quarta-feira, 14 de abril de 2010

Pesquisa não ganha eleição, mas balança o coreto

A demotucanagem bem que tentou fazer o Serra entrar bonito na campanha. Tava complicado pro pré-candidato da direita sair do governo com uma greve de professores azucrinando o juízo dele e a Dilma subindo nas pesquisas. O jeito foi acionar a Famiglia Frias (crédito para o Miro Borges) e criar um fato novo. A magia foi a pesquisa - se é que se pode chamar assim - do Datafolha mostrou uma pretensa subida do Serra subir e uma que da Dilma.

Mas aí vem aquele velho máxima garrinchiana: esqueceram de combinar com os russos. Daí veio a pesquisa Vox Populi, que você pode ler todinha aqui, e mostrou que nada havia mudado como pretendia a turma do Serra. Ontem outra lenhada capaz de fazer a curriola tucana e seus serviçais perderem o senso e tentarem desqualificar a pesquisa SENSUS pelo fato de ter sido contratada por uma entidade de trabalhadores, no caso o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção Pesada de São Paulo (SINTRAPAV). Uma atitude no mínimo preconceituosa. Então as entidades empresariais são insuspeitas para contratar pesquisas e as de trabalhadores são suspeitas? Haja cara de pau. A pesquisa tinha mesmo de ser questionada pelos tucanos, mas não por ter sido contratada por trabalhadores, mas sim porque ela aponta um empate entre as duas candidaturas antagônicas: enquanto o Serra tem 32,7%, a Dilma 32,4%, diferença insignificante de 0,3%, dentro de uma margem de erro de 2,2%. É demais pra direita brasileira aceitar tal realidade e diante disso lhe restou exibir todo o seu despudorado preconceito afirmando que pesquisa de trabalhador não vale, ainda mais se ela mostra que os trabalhadores poderão avançar ainda mais nas conquistas que obtiveram nos dois governo do Lula, peão desaforado que virou Presidente da República.

Mas tem mais. A revista Carta Capital desta semana publica uma interessante matéria sobre a "guerra" entre as empresas de pesquisa. Acho que vale a pena você ler toda, mas destaquei um trecho que me parece muito interessante e que deve ser motivo de muita, mas muita precupação dos políticos e estrategistas tucanos. Diz lá a matéria:

"De volta às pesquisas. Do total de entrevistados, 708 disseram que vão votar em Serra. Desses, no entanto, 34% (23% dos eleitores declarados do tucano) também afirmaram a intenção de votar no candidato apontado por Lula. Na mesma pesquisa, na qual 603 cidadãos anunciaram o voto em Dilma, somente 1% (3% dos eleitores declarados da petista) admite virar a casaca e votar na oposição. “É aí que reside­ a crônica da morte anunciada da campanha de José Serra”, vaticina o cientista político Murillo de Aragão, dono da consultoria Arko Advice, que está longe de ser um analista “petista” ou “chapa-branca”. “É óbvio que a candidata do PT vai subir na esteira da popularidade do governo.” Aragão refere-se ao que ele chama de “conjugação inédita” de três circunstâncias atuais que certamente beneficiam a candidata governista, segundo todas as pesquisas: o nível de satisfação do brasileiro com a vida; a popularidade do presidente Lula, na casa dos 80%, no último ano de mandato (a de Fernando Henrique Cardoso era 35%, em 2002); e a aprovação do governo, em 76%. “São três fatores inexoráveis que vão trabalhar a ­favor da candidata do governo.”

Viu só o drama da tucanagem? Pra dificultar ainda mais a vida da direita brasileira, o pesquisa espontânea do Vox Populi indica que Dilma tem 16% e Serra 12%, só que o Lula ainda tem 16% e como ele não será candidato sabe-se muito bem pra onde vai a grande maioria desse eleitorado. E mais, a mesma pesquisa mostra também que enquanto 10% dos pesquisados não conhece a Dilma, apenas 2% não conhece o Serra. Detalhando um pouco mais 37% conhece bem e tem
muitas informações sobre o Serra, já o percentual da Dilma é 26%. Enquanto 36% conhece,mas não muito e tem algumas informações sobre Serra, o percentual da Dilma é 34%. E por fim, 25% conhece só de nome ou só de ouvir falar o Serra, a Dilma, neste caso, tem percentual maior: 30%. No frigir dos ovos, o Serra já pode estar próximo do seu limite, enquanto a Dilma ainda tem excelentes possibilidades de crescimento.

Diante desse quadro, a Dilma já pode pensar em mandar fazer a roupa nova pra posse. Nem em sonhos. O professor da UFRJ, Wanderley Guilherme dos Santos já alertou para a postura que a direita adotará cada vez que perder espaço político. Cada ganho da Dilma será rebatido com violência, jogo baixo, mentiras, deslealdade e todo tipo de sujeira. Basta ver o que estão fazendo com a trajetória política da Dilma, acusando-a de banditismo, quando na verdade dedicou os melhores anos de sua juventude para lutar em favor da liberdade e da democracia. (Aliás, nesta tarefa suja tem um publicitário conhecido no Ceará, capaz de atitudes vis, desde que seja para beneficiar aquele que lhe pague. Nem me pergunte quem é, descubra nas muitas evidências.)

A vitória das forças democráticas e progressistas não está nas pesquisas, mas na política. Na correta condução política da campanha, na construção de uma aliança política, de partidos e de organizações diversas da sociedade, capaz de viabilizar um programa avançado, capaz de dar continuidade, num novo patamar, ao ciclo político iniciado por Lula. Isto já será um grande passo, mas é preciso empolgar o povo, fazê-lo se sentir também responsável pelo novo, pelas conquistas. Não pode ser apenas expectador da batalha eleitoral, mas sim protagonistas fundamental. Esse será um bom caminho a seguir, nele pode-se encontrar um bela vitória.

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