domingo, 31 de janeiro de 2010

PCdoB vai bem

Nesse final de semana (aliás, uma coisa interessante, no final de semana a semana termina no sábado e começa no domingo. afinal, é final ou começo de semana? livre pensar...) participei da reunião do Comitê Estadual do PCdoB no Ceará quando avançamos na definição do projeto eleitoral pra esse ano. Vamos centrar na eleição de 2 federais e 2 estaduais, além de reeleger o Cid Gomes, de preferência com um comunista em uma das outras três vagas majoritárias. O PCdoB já tem o cangote grosso e merece mais reconhecimento. A kombi ficou pequena mesmo e somos capazes de fazer bonito, como fez nas últimas disputas, sem falar de nossa atuação destacada no movimento social. A filiação do ex-presidente da OAB, Hélio Leitão é mais uma prova de que nosso partido é cada vez mais uma opção de espaço para a atuação política para os que querem fazer daqui um lugar cada vez melhor de se viver.

Pra saber mais como foi a reunião, clique bem aqui.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Huuummm!!!


"Tapioca bem feita é produto de verdadeiro ritual, misto de ciência e arte. Não é pra qualquer um (ou uma). Como uma relação de amor, pede jeito, dengo, habilidade e impulso criativo; e se renova com o olhar, a palavra e o gesto".

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Querido símbolo

No dia de vir embora das minhas férias em São Paulo, avistei longe, no meio de uma selva de prédios, essa imagem. Busquei a Sonynha pra regisrar e agora lembro o quanto o país simbolizado nos enche de orgulho em especial nestes tempos de afirmação soberana, de atitude solidária e de resgate da autoestima de seu povo aqui dentro e pelo mundo afora. Tenho mesmo muita esperança nessa nossa nação e me emociono ao te ver no topo, lindo pendão. Por esta razão recebe o afeto que se encerra no peito deste povo tão jovem e tão promissor.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Sertão de olho no Banco Central

No último ano em que estudei em Sobral, 1979, quando fiz o então 1º científico, se integraram à nossa turma do Colégio Sobralense - a maioria eu conhecia desde o 3º ano primário - alguns novos colegas, entres eles três cabras nascidos no distrito de Lisieux, em Santa Quitéria, que fica a pouco mais de 100km da minha metrópole e de onde veio metado do sangue da família Cela Pinto, um povo que quero bem como irmãos.

Como se não bastasse serem meus colegas de sala, ainda eram meus vizinhos, assim de frente mesmo. Moravam na casa exatemente em frente à nossa, bastava atravessar a rua, mudar de calçada. E como se não bastassem ser meus colegas e vizinhos, os cabra eram gente boa demais, gente simples, gente do sertão, o que fazia de todos eles pessoas queridas por qualquer um ser humano.

Estudamos juntos por aquele 1979 já distante, mas depois nos encontramos algumas vezes nessa vida cheia de muitos desencontros.

Pois no último dia 15 fiquei sabendo que um deles vai ser o novo Diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, em substituição à diretora que saiu, alegando razões pessoais, mas que todo mundo sabe que ela não embarcava muito na piração de juros altos do Henrique Meireles.

O Carlos Hamilton vai assumir a diretoria e eu já fico preocupado com as notícias que fico sabendo dele. No Diário do Nordeste li que sua posse "sinaliza uma tendência mais conservadora no Copom neste ano, marcado pela eleição presidencial e por grande expectativa de alta dos juros a partir do segundo semestre". Fiquei triste por essa sinalização do meu amigo véi. Fico pensando que ele deve fazer tempo que não anda pelo Lisieux, distrito muito cotado pra ser emancipado e virar cidade, mas que pode enfrentar muitas dificuldades com essa promoção se prevalecerem as teses que orientam seu filho ilustre.

Essa turma nem pensa que na terrinha do Carlos Hamilton, de seu irmão Zé Milton e do primo Ranieri, o povo gosta demais do Lula é justamente porque ele deu um sopro de vida pro interiorzão do Brasil. Se num fosse a pouco ousada, mas valiosa, atenção para políticas de inclusão social e distribuição de renda, talvez aquele pedaço de Santa Quitéria num tivesse nem população suficiente para se emancipar porque o povo tinha saído atrás de vida melhor.

No Lisieux e na maioria do sertão nordestino, assim como nas pequenas localidades desse país, e mesmo nas periferias das grandes cidades, foi uma orientação política voltada para o desenvolvimento que ajudou a movimentar algo além da poeira e das folhas secas sacudidas pelos "ridimuins". A estúpida elevação dos juros se contrapõe a isso, que ainda é muito pouco e sem muita consistência, por essa razão juros altos podem funcionar como um furacão e destruir o que já se ganhou.

Num sei se terei uma chance de encontrar o Carlos Hamilton nesses tempos em que ele ascende à posição tão destacada, mas se ele andar por aqui quero que fique sabendo que o povo dele lá no sertão foi ficar muito arretado se ele ajudar a botar dificuldades pro Brasil se livrar dos males que nos causou a turma do FHC. Num sei se os moradores daquele lugar sabem muito bem o que é e o que causam os juros altos, mas se a vida piorar e eles desconfierem que o conterrâneo deles tem culpa no cartório, acho que o couro vai comer. Olhe, olhe, seu cabra. O "rei" pode estalar no seu pé de ouvido, se cuide!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Risco e beleza fugazes

Quem já viu o sol se por em Fortaleza, sabe que a beleza encontra nele um sinônimo. Pois uns dominingos pra trás Guilherme e eu voltássamos de uma deliciosa confraternização no condomínio do casal Samia e Benjamim, gente muito distinta, e subindo pela Av. Santos Dumont, demos de cara com um belo visual e eu resolvi gravar.

O risco de dirigir e filmar existia, assim como explicar o significado de fugaz pro meu filho não é bem simples, mas não resisti em registrar aquela beleza da cidade. O risco valeu pena.

Pai é bom demais

Aqui, de vez em quando, conto uma história do meu filho Guilherme, mas pouco falo do filho Inácio, apesar de já ter reproduzindo uma incrível carta do meu pai pra mim. Hoje trago um belo artigo do Luciano Siqueira, um cabra que à gente não carece esforço algum pra gostar dele, publicado no potal Vermelho e em seu blog. Fala do convívio com seu pai, de momentos inesquecíveis da vida. Hoje estou domingando com o meu filhote e estamos compartilhando doces momentos de lazer, de prosa e desse convívio delicioso entre pai e filho. Obrigado, Luciano, pela emoção que nunca devemos deixar escapulir de nossas vidas.

Em Ponta Negra e no bar da Rua Chile

Aconteceu poucas vezes. Inesquecíveis, todas. Ele nos levava de ônibus da Lagoa Seca, onde morávamos, até Ponta Negra, que na segunda metade dos anos cinquenta era uma praia distante. Numa parte íngreme havia um varal com calções e maiôs para aluguel, anunciados numa placa tosca, e um quadrilátero de palha para que o freguês trocasse a roupa.

O banho nós – eu e Airton, o irmão mais novo – tomávamos no rasinho, envoltos na espuma espessa e abundante que nos proporcionava fantásticas aventuras imaginárias em alto mar.

Havia uma breve pausa para o lanche: pão creoulo torrado com leite de coco, trazido de casa, e refrigerante. Uma delícia! E ao final da manhã, no retorno para casa, ele nos levava a um bar da rua Chile, na Ribeira. E era ali, no bar, que invariavelmente me vinham as imagens de uma visita ao prédio central da Alfândega, num meio de semana, pela manhã, a que ele me levara. Um prédio imenso ao meu olhar de menino, gente entrando e saindo, um carneiro bem alvo preso a uma corda no pátio interno (pertencente a algum funcionário, suponho). Apertos de mão e abraços efusivos. - Olá, Renato, tudo em ordem? E esse rapazinho? - Meu filho, é o penúltimo da turma, encostado no caçula. Gosta muito de estudar.

Lembro de ter experimentado orgulho do pai respeitado e querido por muita gente, seus colegas de repartição.


No bar ele pedia uma cerveja Caracu – cerveja preta fazia bem à saúde, dizia – e guaraná Antarctica para nós dois. Num prato pequeno, queijo de coalho cortado em cubos, untado em molho inglês.


Não me recordo se ele conversava com a gente. Nem que coisas de crianças dizíamos um ao outro. Nem se demorávamos ou não no bar. Sei apenas que me sentia importante naquele ambiente frequentado por homens, onde eu era um deles, sentado à mesa redonda de mármore branco e pés de ferro. Um prazer tão imenso que ainda hoje quando vou a Natal dou um jeito de passar na Chile, no velho bairro da Ribeira, e já nem sei quantas vezes voltei à Ponta Negra (para afogar os pés na espuma da praia defronte ao morro do Careca), hoje modernamente urbanizada, muitos hotéis de luxo, turistas por toda parte.


A praia de Ponta Negra e a rua Chile me transportam à infância e afloram um quê de tristeza por tê-lo perdido tão cedo (faleceu precocemente quando eu tinha 11 anos) e por não ter conseguido lhe dizer o quanto me fazia feliz naquelas esporádicas, mas fascinantes manhãs de domingo.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Craque total


Colaboração do Thallis Cantizani

Novo empreendimento

Sacumé, a gente não pode ficar numa atividade só. Por isso, achando que faço pouca coisa na vida, resolvi montar uma casa comercial com um serviço especial de entregas, como você pode ver aí, como também percebe que não quero explorar o freguês, mas disponibilizar o produto da melhor maneira e com o melhor preço.

Piada, né? Eu andava acompanhado da minha Sonynha e deparei com esse motoboy parado na minha frente, num sinal de Fortaleza. Taí o registro.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Bela canção



Eu acho que era 1977, eu ainda morava em Sobral, e naquele ano aconteceu mais uma edição do Festival do Mandacarú (se não me engano pela terceira vez). O festival era organizado por estudantes, entre eles o Veveu e Haroldo Holanda ( um eterno curtidor de festivais que até hoje faz um programa na FM Assembléia chamado O Som dos Festivais) e participava gente de todo canto, como concorrente e também como jurado. Naquele ano ninguém menos que Fausto Nilo, um cara que todo mundo sabia das belas letras, mas ninguém o conhecia pessoalmente ali na metrópole. Pois pra completar o Fausto resolveu dar uma canja no intervalo e cantou "Dorothy Lamour". Lembro que foi meio estranho porque a voz do homem num era lá essa coisa toa, mas ninguém esqueceu aquela noite.

Na sexta passada recebi um convite pra participar da folia pré-carnavalesca do bloco Amantes do Fausto e o reforço por email dizia: "Um convite imperdível para quem está no pique do Pré-Carnaval: um bloco em homenagem a Fausto Nilo, que vai receber o singelo nome de Amantes do Fausto. O pontapé inicial é neste sábado, 16. No comecinho da tarde a banda Dorothy Lamour vai tocar os primeiros acordes do repertório carnavalesco do compositor. Claro que vai ter "Zanzibar", "Bloco do Prazer", "Chão da Praça", "O Elefante"... Inclusive, eu pago três latinhas de Skol para quem souber cantar a letra dessa última sem fazer virundum" (copyright Patrícia Karam). Eu acabei me perdendo na travessia de sete mares num almoço familiar e perdi a folia, mas deixo aqui um agradecimento, um pedido de desculpas e um compromisso de curtir essa festa boa noutro dia. Pra isso vai o próprio Fausto cantando, bem melhor que há mais de 30 anos, a bela Dorothy Lamour.

A Prefeitura de Fortaleza escolheu o Fausto Nilo como homenageado especial do carnaval de 2010 e acho muito justa por conta de tantas músicas suas que viraram sucesso de carnaval. Agora digo uam coisa: o Fausto compôs todas aquelas músicas, mas ele num tem cara, nem jeito de folião. Eu queria era ver esse cabra do Quixeramobim fazendo uns passos na avenida iluminada.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O que os Estados Unidos têm a ver com a tragédia no Haiti?




O terremoto no Haiti comoveu quase o mundo inteiro, e o Brasil acabou muito abalado pelo que ocorreu com Dona Zilda Arns e com vários militares que ali estão a serviço da ONU (como bem disse o jornalista Rodrigo Viana, "ao contrário dos Estados Unidos que invadiram o Iraque contrariando a ONU). Cada imagem é mais chocante que a outra e me impressionou bastante esses 30 segundos de uma câmera de segurança que registra extamente o início do tremor. Mas os efeitos desses desastres naturais podem ser mais ou menos danosos, dependendo de alguns fatores. Pra ser mais objetivo sugiro a leitura desse artigo publicado no Huffington Post, dos Estados Unidos. Veja bem como se comportam os governos americanos diante de países tão vulneráveis como o Haiti e tire também suas conclusões.


Parte da tragédia do Haiti é "Made in USA"

Por Bill Quigley

Parte do sofrimento no Haiti é "Feito nos Estados Unidos". Se um terremoto pode danificar qualquer país, as ações dos Estados Unidos ampliaram os danos do terremoto no Haiti. Como? Na última década, os Estados Unidos cortaram ajuda humanitária ao Haiti, bloquearam empréstimos internacionais, forçaram o governo do Haiti a reduzir serviços, arruinaram dezenas de milhares de pequenos agricultores e trocaram apoio ao governo por apoio às ONGs

O resultado? Pequenos agricultores fugiram do campo e migraram às dezenas de milhares para as cidades, onde construiram abrigos baratos nas colinas. Os fundos internacionais para estradas e educação e saúde foram suspensos pelos Estados Unidos. O dinheiro que chega ao país não vai para o governo mas para corporações privadas. Assim o governo do Haiti quase não tem poder para dar assistência a seu próprio povo em dias normais -- muito menos quando enfrenta um desastre como esse.

Alguns dados específicos de anos recentes.

Em 2004 os Estados Unidos apoiaram um golpe contra o presidente eleito democraticamente, Jean Bertrand Aristide. Isso manteve a longa tradição de os Estados Unidos decidirem quem governa o país mais pobre do hemisfério. Nenhum governo dura no Haiti sem aprovação dos Estados Unidos.

Em 2001, quando os Estados Unidos estavam contra o presidente do Haiti, conseguiram congelar 148 milhões de dólares em empréstimos já aprovados e muitos outros milhões de empréstimos em potencial do Banco Interamericano de Desenvolvimento para o Haiti. Fundos que seriam dedicados a melhorar a educação, a saúde pública e as estradas.

Entre 2001 e 2004, os Estados Unidos insistiram que quaisquer fundos mandados para o Haiti fossem enviados através de ONGs. Fundos que teriam sido mandados para que o governo oferecesse serviços foram redirecionados, reduzindo assim a habilidade do governo de funcionar.

Os Estados Unidos têm ajudado a arruinar os pequenos proprietários rurais do Haiti ao despejar arroz americano, pesadamente subsidiado, no mercado local, tornando extremamente difícil a sobrevivência dos agricultores locais. Isso foi feito para ajudar os produtores americanos. E os haitianos? Eles não votam nos Estados Unidos.

Aqueles que visitam o Haiti confirmam que os maiores automóveis de Porto Príncipe estão cobertos com os símbolos de ONGs. Os maiores escritórios pertencem a grupos privados que fazem o serviço do governo -- saúde, educação, resposta a desastres. Não são guardados pela polícia, mas por segurança privada pesadamente militarizada.

O governo foi sistematicamente privado de fundos. O setor público encolheu. Os pobres migraram para as cidades. E assim não havia equipes de resgate. Havia poucos serviços públicos de saúde.

Quando o desastre aconteceu, o povo do Haiti teve que se defender por conta própria. Podemos vê-los agindo. Podemos vê-los tentando. Eles são corajosos e generosos e inovadores, mas voluntários não podem substituir o governo. E assim as pessoas sofrem e morrem muito mais.

Os resultados estão à vista de todos. Tragicamente, muito do sofrimento depois do terremoto no Haiti é "Feito nos Estados Unidos".

O risco do fascismo


"Você sabe que não é único
Que tem muito a superar
E quando o tempo vem então você progride
Porque você tem chorado por muito tempo
As vezes a vida é tão cruel
Mas mudar nunca é uma perda de tempo".

Alanis Morissette

Já falei que evito tratar abordar assuntos policiais e persistirei nessa ideia porque me parece um tema explorado de forma sensacionalista, com desrespeito a direitos elementares das pessoas e como instrumento de promoção de muitos picaretas que acabam enveredando pela seara político eleitoral. Mas esse caso da garota Alanis me fez mudar um pouco de ideia e entrar no tema.

Eu não estava em Fortaleza quando houve o crime e, de longe, fiquei muito temeroso da criança ser filha de amigos e amigas minhas que moram no Conjunto Ceará (acaba que é filha de um ex-funcionário do Renato, tio do Guilherme, que não lembro de tê-lo conhecido). Mas não fiquei menos aliviado por conta do desfecho absurdamente trágico. Nem de longe consigo imaginar a dor daquele jovem casal. Aliás, talvez até consiga desde que amplie infinitas vezes a sensação terrivel que sinto quando penso no que sentiram. Nem quero pensar sobre isso. Prefiro ficar feliz com o depoimento do Washington, meu colega de trabalho, que mora na região. Ele me falou que a mobilização, a solidariedadede foi algo que ele nunca viu. Imediatamente, quando foi percebido o rapto da garota, foram feitos cartazes, adesivos, mobilização boca a boca e uma procura incessante tomou conta da população. Algo mesmo bonito, porém não pode evitar o pior, o pior mesmo, algo até inimaginável.

Agora há algo que me preocupa muito em tudo isso: esse crime bárbaro trouxe à tona, mais uma vez, um sentimento de vingança, de intolerância, de truculência e revanchismo que me parece muito perigoso. Já deixei claro o quanto acho deplorável o crime, mas não me alegra ver multidões em frente delegacias exigindo mais violência, ameaçando linchar um criminoso, sobrando pena de morte. (Alguém pode imaginar o que teria acontecido se tivesse havido linchamento do primeiro preso? Ela nada tinha com o crime e na verdade ajudou a desvendá-lo na medida em que revelou que o seu irmão havia raptado, violentado e matado a garota.) Creio que as palavras da própria mãe de Alanis servem como exemplo para os que desejavam sujar suas mãos de sangue: "Estamos todos indignados, porque foi uma barbaridade, mas não precisa de violência não. Ele vai pagar, Deus é maior. Essa história não vai cair no esquecimento, vamos todos esperar para ver o que vai acontecer". Não comungo da mesma fé divina dessa jovem de 26 anos, que também falava pro seu marido - "Ele disse está sentindo uma raiva muito grande. Tenho até medo do que ele pode fazer" -, mas admiro demais sua maturidade. Também acho que ela tem toda razão ao lamentar que se o criminoso, que já era condenado por crime identico, "estivesse preso, isso não teria acontecido". É um alerta importante e chama atenção para o quanto ainda estamos longe de termos um sistema de segurança que ofereça tranqulidade para a população.

Espero que esse episódio sirva mesmo para ptovocar muitas reflexões desde a população até os organismos públicos e uam parcela majoritária da imprensa que cumpriu um papel lastimável ao insuflar direta ou indiretamente sentimentos negantivos entre o povo. Por isso prefiro a solidadariedade relata pelo Washington, ao barbarismo disceminado pela mídia em busca de audiência.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Pro Pedro, a vida é leve

Em julho de 1996 o Veveu combinou de almoçarmos com alguns amigos - lembro bem do finado Régis Ferreira Gomes (que nunca deixou de estar entre os que lhe desejam bem) e do Danilo Forte - num restaurante de comida regional. O convidado especial era o Pedro, também chamado na época de Pepeu, por conta do pai, ou Pedrinho, por conta do tamanho. A criança na ocasião tinha uns 4 anos e seu pedido foi nada mais nada menos do que uma panelada. O prato veio, mas o menino não se conformou e, de pé na cadeira, largou o berro, ouvido por todos no restaurante:

- Ô garçon, esse lugar aqui num tem farinha não, hein?

Pois é, esse cabra que virou um rapagão, que agora é chamado de Pedro Cela (as irmãs tem um jeito carinhoso de chamá-lo, mas vou deixar isso entre família), que morou um ano no Canadá por conta dum intercâmbio, que acaba de passar no vestibular pra Jornalismo e aguarda o resultado final pra Engenharia Ambiental, hoje faz aniversário. Desde ontem sou lembrado, pelas irmãs e o pai coruja, da festa de hoje. E nem tenham dúvidas de que irei, acompanhado do Guilherme. Num vai faltar animação e muita gaiatice com o aniversariante que num dispensa uma prosa. Mas quero que ele saiba que esse tio aqui tem muito bem querer por ele, tanto pelo "cordão umbilical", como pelo jeito espontâneo que ele leva a vida, sem que isso o impeça de dar conta das exigências dessa mesma vida. Ninguém precisa levar a vida com sisudez e o cabra aí sabe muito bem disso.

Temos muitas razões pra brindar hoje, Pedro, e vou já lhe dar um forte abraço.



Essa é a 600ª postagem Do Carvalho e fiquei muito feliz que tenha coincidido com o aniversário do Pedro.

domingo, 10 de janeiro de 2010

A Globo mente



Muito divertido esse video que busquei no blog Conversa Afiada, do Paulo Henrique Amorim. A contragosto a TV Globo foi obrigada a veicular, ao vivo, um protesto contra ela mesma.

De volta pro aconchego

Ontem durante uma conversa sobre o Nordeste com o José Carlos Ruy acabei me emocionando ao falar sobre os impactos positivos que os programas sociais do Governo Lula provocaram na região. Nos últimos tempos circulei bastante pelo interior do Ceará e conversando com as pessoas, desde trabalhadores rurais, vaqueiros, comerciários e comerciantes, até prefeitos, vereadores e lideranças políticas e populares, dá pra perceber a nova realidade do interior do Brasil. Os programas sociais não melhoram apenas as condições materiais das famílias pobres, mas também movimentam a economia local, aumentam o movimento no comércio, permitem que os pequenos agricultores vendam sua produção mais facilmente. Não tem como ignorar as mudanças na vida do povo.

Pois bem, hoje li na Folha de São Paulo há uma inversão do fluxo de nordestinos que antes se deslocavam em busca de uma vida melhor no chamado eixo Rio/São Paulo, que o Henfil apelidou de "Sul Maravilha". Somente entre os anos de 2002 e 2007, cerca de 400 mil nordestinos voltaram pra casa . No mesmo período o estado de São Paulo deixou de ser o maior receptor de mirantes pra ser o maior exportador, 61% dos que retornaram pra casa sairam desse estado.

Mas o que isso a ver com a conversa entre o Ruy e eu? Veja abaixo o que diz a um estudioso do assunto:

Para o professor de economia regional da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), Cícero Péricles, alguns fatores regionais são determinantes nessa mudança de rota. "Os registros da migração coincidem com o esgotamento dos destinos tradicionais dos pobres do Nordeste: as fronteiras agrícolas, como na Amazônia e Centro-Oeste; com a perda de atração na construção civil do Sudeste e com o maior padrão de exigência no setor da indústria paulista, onde a mão-de-obra nordestina não encontra colocação. Outro elemento importante é que as condições sociais da região [Nordeste] melhoraram muito nos últimos anos", explica, ressaltando que o Nordeste cresce em ritmo mais acelerado do que nas demais regiões. Para o economista, um dado importante que os números revelam é que mais da metade das famílias nordestinas pobres recebe algum benefício federal, seja do Bolsa Família ou da Previdência Social. "Isso é determinante na contenção da miséria. Das 14,5 milhões de famílias no Nordeste, sete milhões recebem da Previdência e 5,6 milhões recebem o Bolsa Família. O salário mínimo, forma de pagamento de dois terços dos assalariados na região, tem impactos no Nordeste maior do que em qualquer outra região. Como hoje existem alguns pólos de desenvolvimento econômico, junto com esse colchão social, as pessoas acabam apostando mais na vida por aqui", afirmou. Péricles diz ainda que, nos últimos dez anos, as secas tiveram impactos minimizados pelas políticas públicas, o que fortaleceu o vínculo com a região. "Aí acontece outro fenômeno importante: o Nordeste se urbanizou e conta com 70% da população nas cidades. Hoje é mais comum a migração rural para as pequenas cidades, e daí para as grandes. O fenômeno que se percebe é que, ao invés de ir direto para São Paulo, ele tenta a vida numa capital nordestina", explicou o economista.

Na onda de volta pra casa até o famoso joquei de corridas de cavalos no Rio de Janeiro, Juvenal Machado, que se popularizou pelo bordão "Lá vem o Juvenal!", também resolveu voltar pra sua cidade natal, Delmiro Gouveia, em Alagoas. Ele não veio por conta dos proramas sociais públicos, mas por conta das melhorias que o Nordeste vive. Não apenas Juvenal e os conterrâneos nordestinos optaram por morar na região, mas também muitos outros brasileiros. No mesmo período de 2002 a 2007 mais de 450 mil pessoas migraram pra cá. Aqui o Brasil se desenvolve mais do que em qualquer lugar e isso porque ainda há muitas limitações e as desigualdades regionais são enfrentadas de forma insuficiente. O Nordeste não é mais o mesmo do século passado e isso tem muito a ver com as mudanças que o Brasil vive, por isso os nordestinos são os que mais desejam a continuidade desse ciclo virtuoso brasileiro.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Soldadas em guerra contra a violência sexual



"Fique na sua e siga em frente", esse é o conselho que os comandantes do Exército americano dão para as mulheres militares que são vítimas de abuso sexual dentro da própria corporação, principalmente quando estão no front. Pois é, todo mundo fica impressionado com o que chamam falta de respeito às mulheres muçulmanas, pois soldadas que estão no Iraque e Afeganistão vivem em verdadeiro pânico por conta da violência sexual. E o pior é que apenas 10% dos casos são descobertos, o que não significa que sejam investigados e os responsáveis punidos.

Nesse vídeo a capitã Margaret White, vítima de assédio e abuso sexual dentro de um acampamento militar no Iraque no ano passado, relata a situação dramática dos mulheres na tropa americana. Veja com atenção e diga se esses gringos podem falar em democracia.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Acredite sabendo




"Quando você acredita em coisas
que você não entende,
então você sofre.

Supertição
não é o caminho."
s.w.

Brasil tem voo próprio

O Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim tá muito certo quando diz que hoje o Brasil não pede licença a ninguém para defender seus interesses pelo mundo afora. E isso vale mais uma vez pra esse caso dos aviões que o Brasil vai comprar. Fica essa mídia venal e golpista, como gosta de dizer o Messias Pontes, fazendo arenga, querendo inventar uma crise interna no governo, enquanto o buraco é muito mais embaixo. Como disse o estrategista militar prussiano Carl von Clawsevitz "a guerra é a política por outros meios” e sendo assim a aquisição de armas é também um ato político, do mesmo que a oposição e seus porta vozes também fazem política quando forçam a barra pra artificializar uma nova crise. Só devem estar cientes que na guerra, bala vem e bala volta. Ou como diz o Carl supracitado “ Como na guerra cada facção tenta dominar a outra, há uma ação recíproca que pode chegar até um extremo.”

O atual editorial do portal Vermelho presta bons esclarecimentos sobre esse assunto e por isso sugiro que você leia. Vai na íntegra.

Os aviões da FAB e os ventriloquos da mídia

"As turbulências do presidente"; "Os pés pelas mãos" - por si só os títulos dos editoriais nos quais os jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo trataram, neste início de ano, a questão da compra pelo governo brasileiro de um lote de novos caças para a Força Aérea Brasileira, indicam a indisfarçada torcida pela abertura de uma crise no governo federal.

A decisão vem sendo amadurecida há bastante tempo. Além das audiências públicas, consultas, relatórios técnicos e demais providências que uma decisão dessa envergadura envolve (dados seus aspectos políticos, militares e financeiros), há também um pesado jogo de pressões (internas e estrangeiras) que extrapolam os aspectos técnicos e financeiros e revelam o fundamental caráter geopolítico do que está em jogo.

O vazamento de um relatório da FAB, noticiado pela Folha de S. Paulo no dia 4, faz parte desse jogo pesado. E a reação da mídia, com forte eco na oposição neoliberal, revela aspectos dele que se interpõem entre a manifesta preferência de Lula pela oferta francesa e a torcida pela compra do sueco Gripen NG.

Alega-se que o sueco é um avião mais barato. Mas é como comprar um apartamento na planta. É um avião que ainda não está pronto mas só existe em projeto, com limitações importantes. Seu motor, por exemplo, é fabricado nos EUA; outra fragilidade decorre de que, para baratear a produção, ele depende de um sem número de fornecedores de peças espalhados pelo mundo. Quando se lembra que, há poucos anos, a Embraer foi proibida pelo governo de Washington de vender aviões Tucanos para a Venezuela porque tinham componentes fabricados nos EUA esta fragilidade do projeto sueco fica ainda mais evidente - ela não é técnica nem financeira, mas política.

A decisão final pela compra cabe ao presidente Lula que, como chefe da Nação, é o comandante em chefe das Forças Armadas. Não será uma decisão solitária, como insinuam os pregoeiros da crise, mas envolverá o Ministro da Defesa, o Conselho de Defesa, a assessoria técnica da FAB e as necessárias consultas para uma decisão que envolve tamanha responsabilidade. Mas ela é prerrogativa do presidente da República.

Isto é, será uma decisão política, como insistem o próprio Lula, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e outras autoridades do Governo. Este é o coração da polêmica. A decisão final poderá consolidar e fortalecer o caminho autônomo que o Brasil segue desde 2003. É um rumo contra o qual a oposição neoliberal, e as forças sociais que ela representa, mantém o dogma do alinhamento automático entre o Brasil e os EUA, opinião que fundamenta sua torcida por uma escolha para recolocar nosso país numa situação subalterna e dependente.

Mas o governo trabalha com outra opção, a do fortalecimento da autonomia que poderá resultar da consolidação de pactos internacionais múltiplos e soberanos, fora da esfera norte-americana, e que possam aumentar a capacidade de defesa de nosso país sem a dependência de decisões externas.

O embate entre estas duas opções, uma dependente, outra soberana, é o fundamento da torcida da oposição neoliberal por uma crise entre o governo e os militares. Tudo indica que mais uma vez não passará intriga midiática, e que - ao contrário do que querem os ventríloquos da mídia, a soberania nacional saíra fortalecida.



A charge que ilustra esta postagem é do Clayton, que só uso pra tirar um sarro com a tucanagem, porque esse chargista gosta muito de malhar o Lula. Nas 10 últimas edições do jornal que ele trabalha em apenas duas charges ele não faz gracinha com o Presidente ou aliados seus. Nunca vi gostar tanto dum cara.

Lula x FHC

Pela primeira vez em mais de 20 anos Lula não disputará a Presidência da República, mas ninguém tem a menor dúvida de que ele estará diretamente envolvido na peleja. A começar pela escolha da Dilma Roussef como candidata, o que em si já tem um enorme simbolismo e muita ousadia, afinal lançar, pela primeira vez, com reais chances de vitória, uma mulher como candidata a Presidente é um fato histórico marcante. E tem mais, Dilma tem mais identidade com o Governo Lula do que com o PT, ou alguém aí esqueceu as críticas que petistas como a Luizianne Lins fez a escolha da ministra? Pois é, muito mais do que o PT, quem será julgado pelas urnas será o Governo Lula e neste sentido vale a pena ler o artigo do jornalista Marcos Verlaine, do DIAP, que compara os governos Lula e FHC. Fiz questão de postá-lo na íntegra e você já pode ler logo aí abaixo.


Lula x FHC - porque os tucanos evitam comparações

O ano de 2009 se foi. 2010 começa com muito otimismo e esperança de que o Brasil será melhor que nos anos anteriores. As eleições e a Copa do Mundo são os dois ingredientes que apimentarão este final de década do segundo milênio. Previsões de jornalistas escolhidos pelo diário britânico Financial Times dão conta que a seleção brasileira de futebol será campeã na África do Sul e que Dilma será vitoriosa na batalha à Presidência da República. Ótimas previsões!

Por Marcos Verlaine*

A disputa eleitoral ganhará nova dimensão quando os tucanos escolherem o contendor de Dilma, que tudo indica será o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).

Nas eleições de 2010 haverá duas novidades. A primeira é o fato de Lula não ser candidato. A segunda é que pela primeira vez haverá duas candidatas - Dilma e Marina.

Nessa edição do pleito presidencial mais uma vez tucanos e petistas polarizarão a disputa. Ainda que Ciro e Marina possam se apresentar para ocupar a cadeira do Palácio do Planalto, o jogo se concentrará entre a oposição demo-tucana capitaneada pelo PSDB, e os partidos aliados, tendo o PT à frente.

Dois projetos estarão em jogo. Um conservador e elitista que levou o Brasil à bancarrota. Outro mudancista, que permitiu ao País trilhar novos caminhos, com a inclusão de grande massa do povo no processo produtivo.

No debate será inevitável as comparações entre o atual governo e a era FHC. Mas será essa comparação que permitirá ao povo definir com mais clareza sua escolha. Se quer voltar ao passado ou se quer avançar rumo ao futuro.

Para ficar mais fácil fazer essa escolha, basta comparar alguns dados. Em vinte itens, veja a situação do Brasil antes, com FHC e depois, com Lula.

Nos tempos de FHC, o Risco Brasil estava em 2.700 pontos. Nos tempos de Lula, 200 pontos.

O salário mínimo quando Lula assumiu a Presidência da República, em 2003, estava em 64 dólares. Agora, está entre 290 e 300 dólares.

O dólar que valia R$ 3, agora vale R$ 1,78. FHC não pagou a dívida com o FMI. Lula pagou-a em dólar.

A indústria naval, tão importante para o desenvolvimento do País, FHC não mexeu. Lula reconstruiu.

FHC não construiu nenhuma nova universidade. Lula construiu dez novas universidades federais. Quanto às extensões universitárias, no governo do tucanato não houve nenhuma. No governo Lula foram 45.

As escolas técnicas foram esquecidas na era FHC. Ele não construiu uma sequer. Lula construiu 214.

No campo da economia, as reservas cambiais no governo FHC foram 185 bilhões de dólares negativos. No governo Lula, 239 bilhões de dólares positivos.

O crédito para o povo/PIB no governo tucano foi de apenas 14%. No governo Lula, com as políticas anticíclicas, alcançou 34%.

Em relação à infraestrutura, FHC não construiu nenhuma estrada de ferro. Pelo contrário, as privatizou. No governo Lula, três estão em andamento.

Quando Lula assumiu o governo, 90% das estradas rodoviárias estavam danificadas. Agora, 70% estão recuperadas.

No campo da indústria automobilística, na era FHC, 20% em baixa. Na era Lula, 30% em alta.

Nos oito anos em que FHC presidiu o País, houve quatro crises internacionais, que arrasaram o Brasil. Na era Lula, foi enfrentada uma grande crise, que o Brasil superou em razão das reservas acumuladas e das políticas anticíclicas empreendidas pelo governo.

O cambio no governo FH era fixo, e estourou o Tesouro Nacional. No governo Lula é flutuante, com ligeiras intervenções do Banco Central.

A taxa de juros Selic atingiu na era FHC incríveis 27%. No governo Lula chegou ao seu menor percentual desde quando foi criada, em 1983, 8,5%.

A mobilidade social no governo tucano foi de apenas 2 milhões de pessoas. No governo Lula, 23 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza.

FHC criou apenas 780 mil empregos em oito anos. Lula criou 12 milhões.

O governo tucano nada investiu em infraestrutura. Com o PAC Lula pretende investir R$ 504 bilhões até 2010.

Por fim, no mercado internacional, o Brasil, no governo FHC não teve crédito. No governo Lula, o País foi reconhecido como investment grade pelas três maiores agências de classificação de risco internacionais. Ou seja, deixamos de ser um país em que o capital externo só entrava para especular para ser um país de investimentos.

Estes dados não foram inventados por mim, muito menos por algum petista ou pelo governo. São da conceituada revista britânica The Economist.

Estas são as comparações que os tucanos querem evitar a todo custo na peleja de 2010.

* Jornalista, analista político e assessor parlamentar do Diap

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Sol de Sobral

Dizem que tem cearense em todo canto do mundo e essa é uma verdade inquestionável. Neste dias aqui por São Paulo não teve um dia sequer que eu não tenha encontrado um cabeça chata. Isso me deixa todo prosa e mata um pouco a saudade. Em geral são pessoas simples, que trabalham como garçons, vendedores, balconistas, operários em tudo que área, etc e tal. Quando identifico um conterrâneo, mesmo que não seja cearense, basta ser nordestino, já dou um jeito de puxar uma conversa. Agora o cabra quando o cabra além de ser nordestino, cearense, é sobralense, aí a prosa quase num tem fim.

Lembro da primeira vez que vim a São Paulo, em agosto de 1983, pruma reunião nacional de estudantes do PCdoB, na época ainda clandestino. Fiquei hospedado no apartamento do jornalista da Tribuna Operária (nossos bons tempos como tribuneiros) Carlos Pompe e de sua então companheira Vilma, cujos filhos Diógenes e Jenny eram carinhosamente chamados de Cabra da Peste e Gota Serena. Depois fui prum lugar mais tribuneiro ainda, um apartamento na Rua Conselheiro Ramalho, onde moravam Miro Borges, Domingos Abreu e Aldo Rebelo. Era praticamente um dormitório já que todo mundo passava o dia fora, numa intensa atividade política. Lembro que perguntei ao Aldo, que, em seus tempos de UNE, se hospedara algumas vezes na casa onde eu morava em Fortaleza, onde tomar café da manhã e ele deu a dica duma lanchonete na mesma rua, bem próximo do edifício onde estávamos.

Cheguei na lanchonete e pedi um suco, não lembro de que, e um sanduiche de queijo. O cabra que me atendeu tinha um sotoque muito familiar e fui logo perguntando de onde ele era. A resposta Ceará foi logo emendada a outra pergunta: de que cidade? Aí o cabra se enrolou todo e foi logo dizendo:

- Cidade que nada, sou dum lugar que nem existe no mapa, cê num conhece não ...
- Diga homi, sou novo, mas conheço um bocado do Ceará e se eu num conhecer seu lugar, vou pelo menos saber que existe.
- Deixe pra lá, rapaz, num diante lhe falar não que o lugar é miudo demais.
- Pois arrisque ...

Depois de muita teima minha (num foi só a mãe do Lula que ensinou ele a teimar não), o cabra falou:

- Vou dizer, mas num fresque não que o nome é meio engraçado.
- Fale logo, meu irmão, deixe de lero.
- Pois eu sou de São José da Mutuca. unca nem escutou falar, né?
- Só se for outra, porque se for lá perto de Sobral, é o mesmo lugar que nasceu meu pai.
- Rapaz, eu num acredito! Tu tá é tirando onda comigo. Sério? ( essa foi a primeira palavra com sotaque paulista que ele soltou).
- Num tô lhe dizendo, cabra?
- Pois hoje tu num paga essa merenda não, e se quiser passar por aqui de vez em quando pra tomar um café, é só dizer.

Ainda voltei lá pra me despedir e nunca mais vi o conterrâneo, mas guardo essa conversa com enorme carinho. No Natal passado fiz o meu pai dar uma boa risada com essa história, inexplicavelmente inédita pra ele, até então.

E o Sol de Sobral?

Esse sol bonito aí eu achei no Blog Sobral em Revista, do Rubens "Nasal" Lima, que postou o seguinte:

O Sol sob a objetiva de Hudson Costa

Dizem que Sobral é uma cidade quente, mas segundo o Mons. Francisco Sadoc de Araújo, "quente é o Sol". Olhando estas fotografias feitas no final da tarde desta terça-feira (5) pelo fotografo e professor Hudson Costa, podemos constatar que o "Sol de Sobral" é lindo, delumbrante, facinante, e nos proporciona diariamente um pôr do sol mágico, basta querer ver.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

buena musica, en buenas manos



Antes era Compay Segundo, Ibrahim Ferrer, Omara Portuondo e tantos outras feras da tradicional e maravilhosa musica cubana. O resultado todo mundo viu, o belo filme de Wim Wenders, Buena Vista Social Club e um monte de discos que ajudaram a tornar mais conhecida pelo meio mundo aquela boníssima música. Agora vem a nova geração e os nomes são Mayito Rivera, Pedro "El Nene" Martinez, Osdálgia Lemes, Telmary Diaz, Chiki Chaka e mais tantos, que acompanhados do veterano Pío Leiva, estão no filme The Sons of Cuba - Buena Vista Next Generation. Conheci a trilha sonora na noite de ano novo, através do casal Helena e Marco, irmã e cunhado da Fernanda, e só me aquietei quando consegui comprar o dvd. Coisa boa demais e que vou curtir muito daqui pra frente e sugiro que você vá logo curtindo esse vídeo aí com um novo arranjo pra uma conhecida música cubana. Arriba!!!

Lula é mais que o filme

Cheguei do meu retiro em Valinhos, a 70km de São Paulo, no final da manhã e fui logo me preparando pra assistir ao filme Lula, o Filho do Brasil. Fila imensa na bilheteria do Espaço Unibanco da Rua Augusta, que também exibe Abraços Partidos, do Almodovar. Nem pensar em desistir, a vontade de ver o filme é muito maior do que a impaciência. E valeu a pena!

Ninguém me venha fazer discurso de que é filme eleitoral, de promoção o Lula, de culto a personalidade. Esse papo não cola comigo. Fico com o Rui Ricardo Dias, ator que vive o Lula, que falou ao jornal O POVO : "Primeiro, que o Lula não é candidato a nada. Segundo, ele não precisa de um filme para absolutamente nada. Ele tem quase 80% de aprovação". Fim de papo. Também não vou dar uma de crítico de cinema, mesmo tendo uma opinião sobre algumas coisas que não me agradaram muito enquanto cinema. Mas quero dizer que plasticamente e musicalmente o filme é bonito demais, sem falar do Rui, que arrebenta. Tudo no devido lugar.

O filme é dramático? Faz chorar? Claro que sim. Como não se emocionar com uma família grande, como a de quase todo nordestino, vivendo num sertão brabo, largada pelo marido retirante em busca de coisa melhor no sul maravilha? Como ficar indiferente ao fato de que daqueles bruguelos e bruguelas, que pegam água num açude barrento, comem o que deus der no dia, atravessam metade do país num pau de arara, moram numa palafita ao lado do Porto de Santos, comem feijão catado nas sobras dos armazéns portuários, estudam escondidos do pai alcóolatra, que os abandanou mas não os deixa em paz, vivem na periferia de São Paulo em condições muito precárias, saiu um cara que hoje é o Presidente da República mais querido da nossa história e, pra ficar no lugar comum, pro mundo inteiro é o cara?

Pra mim o filme, mais do que bom, é importante pra quem deseja entender um pouco do Brasil de hoje. Pra entender como um cara que chega a Presidente da República se integra tão bem com o país, é um interlocutor dos diversos segmentos da sociedade brasileira, fala como fala a brava gente, deseja realizar o sonho intenso, vira o porta voz dos países em desenvolvimento e mostra que esta terra ainda vai cumprir seu ideal. Lula é o cara que o Brasil precisava pra viver o que vive. Queremos mais, mas tínhamos que ter esse cara no meio do caminho. O filme mostra como ele chegou até aqui. Daqui ainda vamos longe, mas nunca esqueceremos o que esse cara fez.