domingo, 26 de julho de 2009

Tasso é coisa velha

Essa semana findou com uma declaração do senador Tasso Jereissati dizendo que "o Ceará precisa de sangue novo" e, em relação ao Nordeste, disse que não está "muito feliz com o está acontecendo na região". Antes que me acusem de descontextualizar as declarações do moço, vou logo acrescento o resto do texto sobre o Nordeste. Disse ele: "Não tenho visto nenhum projeto novo, nada de impacto. Nenhuma obra que a gente veja que traga um conjunto de conseqüências, que faça a renda subir, que gere milhares de empregos. As coisas estão meio paradas".

Não é de surpreender que o ex-todo poderoso dessas bandas de cá e um dos idealizadores e principais apoiadores da Era FHC esteja insatisfeito. Como bem identificou o Bernardo Joffily, editor do Portal Vermelho , o Nordeste vive um pequena revolução política - precisamos aprofundar essa questão, meu caro Bernardo - nos últimos anos com a ascensão de novas forças políticas e o deslocamento de oligarquias mais ou menos antigas, todas superadas política e historicamente. E entre esses está o senhor Jereissati, que ainda tenta uma sobrevida agarrando-se ao Governador Cid Gomes na esperança que este o apoie na tentativa de ser reeleito pro Senado. Neste sentido a busca de "sangue novo" soa um pouco estranha, mas também não surpreende na medida em que o senador, tal qual os tucanos e seus "demos" aliados, têm peruado em busca de um caminho que lhes dê salvação neste mundo novo que vai surgindo depois do debacle neoliberal no Brasil e América Latina.
A vida é assim senador "dos olhos de ardósia" , como o chama Macário Batista, exige sintonia com o tempo em que se vive. Não adiante fazer discurso moralista, pregar pureza, enquanto a prática é tão sujo quanto a do mal lavado. É só dar uma lida na edição de hoje da coluna Política, do insuspeito Fábio Campos, pra ver como agem os devotos tucanos cearenses. Vale a pena ler também a entrevista do próprio Tasso na revista Época, que o Eliomar de Lima reproduz em seu blog. Errático que nem ele, considera a eleição de Lula - com quem imaginou formar um casal perfeito em 1994 - um avanço, mas se diz desiludido com o governo, diz que Sarney é do bem mas tá mal acompanhado e se mantém fiel ao finado ACM "um formador de líderes. Sua adminstrações eram da melhor qualidade". (E num foi o baiano afastado do senado porque quebrou o sigilo do voto dos senadores?). Finda dizendo que num sabe se é candidato. Tá certo, é melhor num ter certeza diante de tanta possibilidade de dançar no voto.

Pois bem, o senador tá querendo sangue novo e num enxerga na de novo no Ceará e no Nordeste. Novo num deveria ser não, senador, mas é novidade que no Ceará e no Nordeste, o povo num vive mais saqueando armazéns e escolas atrás de comida porque o bolsa família ajuda na precisão. Ajuda também a movimentar cidades interioranas, pequenas vilas, distritos e lugares quase perdidos no sertão, bem como os bairros das capitais, através do aumento de circulação de dinheiro nas bodegas, mercearias e mercadinhos. É uma economia que quem só pensa nos grandes negócios nem percebe que existe. Mas de grandes negócios se fala também quando finalmente o Ceará vai ter a refinaria de petróleo, a siderúrgica e mais um monte de grandes empreendimentos que vai de fato mudar a cara do estado e gerar muito emprego, ao contrário das empresas sugadoras de incentivos fiscais que andaram por aqui no passado.

Novidades tem. Mudou tudo? Quase nada. Mas o caminho é de mudanças, não pode ser interrompido e é preciso tirar um apedras que insistem em atrapalhar.


Nenhum comentário: