sexta-feira, 17 de julho de 2009

Fã por rádio

Começou ontem em Icapuí o 8º Acampamento Latino Americano da Juventude, evento que reúne centenas de jovens relebrando os "velhos tempos", juntando a galera pra discutir um monte de coisa e curtir uns shows. Só tive oportunidade de ir uma vez nesse evento, o suficiente pra ter uma bela história pra contar.

Partimos de Fortaleza pra abertura da primeira edição do festival, o então deputado estadual Chico Lopes, o Francinet Cunha, que trabalhava na assessoria do Inácio Arruda e eu. A viagem num foi das melhores e depois de chegarmos à Praia de Tremenbé tivemos que esperar muito a solenidade. Três tomadores de cachaça, arrumamos logo um cantinho pra esquentar a goela. Mal tomamos a primeira chegou um velhinho pra prosear. Pediu pra acender o cigarro dele e puxou conversa.

Quando me dei conta Chico Lopes tava solta na prosa com o velhinho, que a esta altura já bicava da nossa cachacinha também. Os dois falaram de animais de estimação, dos tempos antigos e por esse caminho chegaram no rádio. Cada um mais chegado ao dial.

A certa altura o velhinho falou que gostava muito dum cabra que participava dos programas de rádio que ele ouvia. Chico Lopes perguntopu quem era, citou vários radialistas e nada. O velhinho falou que era um político bom de briga, que defendia o povo e num tinha medo de nada. Eu, que tava animado noutra prosa com o Francinet, me liguei naquele papo que tava ficando muito interesante e já percebi o Lopes agoniado. Foi quando vi que o velhinho lembrou o nome do tal político: era o vereador Chico Lopes. "O senhor conhece ele, seu menino?".

Preto que é, Chico Lopes embraqueceu. Falante que tava, mudou ficou. Desenibido, encabulou-se. O Francinet e eu ficamos espeiando a cena pra ver no que ia dar. O velhinho insistiu na pergunta até que o Chico Lopes, todo sem jeito dissesse quase sem ser ouvido: "Conheço sim. Sou eu". O pobre do velho quase caiu do tamburete. Num acreditava que tinha na sua frente um ídolo e ainda tava proseando e molhando a palavra, como dizia finado Augusto Pontes. "É o senhor mesmo? Num acredito! Vou contar pro povo de casa, pros meus amigos. Nunca mais vou esquecer disso". Mais umas duas bicadas e o velhinho saiu no meio do povo distribuindo a novidade e emoção.

Essa história tem prosa, cachaça, emoção, gaiatice, mas tem muito também a força do rádio que sai por aí espalhando notícias, música, ideias e o jeito do povo se comunicar com uma força que a gente nem imagina o tamanho. Hoje tem rádio pra tudo que é gosto mostrando que esse veículo nunca vai deixar de ter uma enorme capacidade de juntar gente, mobilizar gente, esparramar opiniões, fazer e desfazer a imagem de gente que fica em evidência. É um instrumento poderoso que ainda vai ter sua utilidade por muito tempo.

2 comentários:

QuebraCabeça ou EsteLadoParaCima disse...

Que delícia de história. Tu tá ficando um bom contador de causos, hein... sem contar que agora também anda pelas ondas do rádio toda semana.

Soninha disse...

Gente... Que belezura de história, hein? Sasinhora! A d o r e i !