domingo, 8 de março de 2009

Tia, por afinidade

No começo dos anos 80, quando eu ainda tava aprendendo a andar em Fortaleza, conheci a professora Nildes Alencar ( no canto direito da foto) por meio de sua sobrinha, a Lucinha, militante do movimento estudantil secundarista. Logo a adotei também como tia, assim como um grupo de jovens que junto com ela fazia um trabalho social entre os moradores do Farol, entre elas algumas prostitutas. Incorporei aquela experiência na formação de minha consciência política e nunca deixei de ter um enorme carinho pela Tia Nildes, que depois eu encontraria com vereadora, quando trabalhei na Câmara de Fortaleza, e Secretária de Educação (tinha sempre que explicar pras pessoas essas história de chamá-la de tia). Nossos encontros sempre são muito raros, mas sempre há muito carinho. Quando assisti ao filme Batismo de Sangue, sempre me emocianava quando via a excepcional atuaçã da Marcélia Cartaxo interpretando Tia Nildes cuidando do seu irmão Frei Tito, fielmente. A vida é assim, cheia de surpresas, no dia dessa foto encontrei Tia Nildes e sua amiga Liduina Facundo - que não aceitou que eu a chamasse de Dona Liduina, mas Tia Duina - num seminário sobre educação e saúde do Fórum de Prefeitos do PCdoB. Minha Tia é Secretária de Eduacação de Jucás, onde o prefeito é filiado ao PCdoB. Pois é, nos encontramos com muito carinho e ótimas lembranças. Quero assim homenagear as mulheres hoje também na figura da Tia Nildes.

Um comentário:

QuebraCabeça ou EsteLadoParaCima disse...

Tia Nildes...

Conheci a tia Nildes em 1976, quando fui estudar na sua escola, o Instituto Educacional de Alencar - A ESCOLINHA. Era uma pirralha de 11 anos de idade, mal sabia de fato acontecia nesse Brasil. Aqui e ali uma noticia de algum amigo dos meus pais que viajou, ou que morreu.
A Escolinha era o melhor lugar onde se podia estar, ali, na rua José Lourenço 1660 fiz amigos para toda a vida. Exercitamos com todas as nossas forças as rebeldias juvenis e aprendemos a descobrir, a pesquisar, a argumentar e a lutar para mudar regras, e olha, demos um trabalho danado. Mas Tia Nildes, educadora, sabia o que estava fazendo, estava dando a nós o maior aprendizado, nos ensinava a sermos democráticos e a defendermos nossos pontos de vista. E assim destituímos professores, mudamos a farda do colégio, montamos jornais e peças de teatro, quetionamos a tudo e a todos... continuamos a frequentar as festas juninas da Escolinha mesmo já secundaristas (o ensino era só de 1º grau).
Tia Nildes preservou aquele espaço, seus alunos, professores e o compromisso com os pais sem abrir mão em nenhum momento da sua linha de trabalho, mesmo quando seu irmão, Frei Tito, morreu e quando a polícia cercava a escola, nunca deixou que nada afetasse nossa rotina. Hoje sei que muitas reuniões clandestinas foram feitas nas nossas salas de aula, sei que ela foi da comissão das mulheres pela anistia nos idos de 77...
Tia Nildes, saiba que todos os seus ex-alunos guardam com muito respeito e saudades e carinho tudo o que vc nos proporcionou. E isso não é mentira não, pois é sempre uma festa quando nos reencontramos, e hj somos todos quarentões!