quarta-feira, 5 de novembro de 2008

EUA: o obsoleto e antidemocrático Colégio Eleitoral

O jornalista Argemiro Ferreira tem um blog muito interessante onde foi possível acompanhar muito bem o processo eleitoral dos Estados Unidos sem aquela espetacularição que se viu nas emissoras de tv. Até mesmo os bastidores serviram para mostrar que a coisa não assim tão democrático como pintam, muito menos um exemplo de democracia, como a Veja vem badalando na última edição. Um exemplo é a análise feita de como funciona o tal Colégio Eleitoral norte-americano, que só por existir já desmascará essa balela de eleições diretas. Sugiro uma leitura desse texto muito esclarecedor e que vai ajudar a entender melhor como é a tal democracia americana. O link que fiz é o do Portal Vermelho, que publicou em conjunto as duas partes originais, mas sugeri uma voltinha pelo Blog do Argemiro.

No primeiro discurso como um duvidoso "presidente eleito" — em dezembro de 2000, depois que a Suprema Corte mandou parar a recontagem de votos da Flórida e fez prevalecer aquele resultado suspeito proclamado antes pela secretária de Estado Katherine Harris — George W. Bush tentou fazer um paralelo entre a situação que então vivia, à sombra da ilegitimidade, e o resultado da eleição presidencial de 1800, que deu a vitória a Thomas Jefferson (1743-1826) sobre Aaron Burr (1756-1836).

Com isso sugeria que também Jefferson, intelectual, estadista e 3º presidente dos EUA, fora empossado sob suspeita, tornando-se depois um grande presidente. Na verdade, nada havia na eleição que pudesse justificar tal comparação — ou, ao menos, nada além do potencial destrutivo da rivalidade entre os federalistas de Alexander Hamilton e os democratas-republicanos de Jefferson.

A mecânica do processo eleitoral, previsto na Constituição já era então uma receita de crise. Houve empate nos votos do Colégio Eleitoral e a decisão, transferida para a Câmara, só deu a Casa Branca a Jefferson depois de uma semana de impasse e incerteza, 36 escrutínios, 19 empates e, afinal, a abstenção de dois estados. Mas Jefferson, ao contrário de Bush, além de ser um estadista tinha vencido também na votação popular.


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