segunda-feira, 19 de maio de 2008

Excesssssso de SSSSSSSSSSSS

Há uns 25 anos atrás eu ia num ônibus para o Congresso da UNE em São Bernardo do Campo e um amigo, estudante da primeira turma de Fonoaudiologia da UNIFOR, perguntou-me porque eu não cuidava dessa minha fala excessssssivamente ssssssibilar. Ele disse que eu tinha um problema chamado sigmatismo e que se eu topasse poderia frequentar a clínica lá da UNIFOR e eles tentariam "me curar". Achei bonito o nome da "minha doença", mas fiquei muito cabreiro de ser uma espécie de cobaia daqueles neófitos da Fonoaudiologia. Além do mais eu confesso que gostava de um certo charme daquele jeito de falar e até que fazia um certo sucesso entre as meninas, afinal "tudo vale a pena se a alma num é pequena". O certo é que até hoje eu nunca nem pisei na tal clínica, nem sei onde fica o curso de "Fono"da UNIFOR, apesar de conhecer muita gente que se formou lá, inclusive o meu amigo, que depois se formou em Direito e hoje vive das causas.


Mas nestes dias, procurando umas fotos pra homenagem ao Veveu por ter vivido meio século, encontrei essa foto da primeira comunhão dos meu dois irmãos mais velhos (hoje em dia o Veveu e o Ducito tentam negar o tempo, mas eles são bem mais velhos que eu, podem acreditar) quando eu tinha entre 2 e 3 anos. Aí está a causa dos meus SSSSSSSS demais. Um polegar direito que eu adorava! O coitado num tinha sossego. Eu dormia e acordava literalmente com o coitado na boca, nem me lembro de ter usado chupeta. O "pobirréi" chega era fino, parecia a lagartixa da historinha João e Maria de tão magricelo. Ameaça pra tudo que era jeito eu sofria. Diziam que eu ia ficar cheio de "lumbriga" porque num lavavo o dedo direito, ameaçavam botar pimenta quando eu tivesse dormindo, sem falar da minha fala que já era meio ssssssssibilante. Eu até me encabulava de falar certas palavras tipo chave - só saia ssssave -, cochilar - virava cossssilar - chaveiro então virava um barco que eu nem sabia que existia, e por aí ia.


O certo é que depois de entrar pra Escola Nossa Senhora de Fátima, na verdade a Escola da Dona Maria José Carneiro (um dia vou falar desse lugar e dessa mulher incrível), eu num podia mais manter aquele vício com a mesma intensidade. Eu já tinha 6 e "tava dentro" dos 7 anos, portanto mais do que na hora de largar o bico (era assim que a gente chamava a chupeta moderna). Pois aquela escola foi a salvação do meu dedo. Mas o estrago já tava feito, minha fala nunca mais se ajeitou totalmente, ganhou até um nome de doença, e fiquei com a mordida aberta (é assim que a minha irmã Hilda - ô mulher e dentista paidégua! - chama os meus dentes separados que não me deixam morder a língua). Já na universidade, durante a campanha pra eleição do DCE em 1983 (eita perído magnífico da minha vida que também ainda falo um dia!) o Ivonilo Praciano me deu umas dicas de exercício pra curar meu "mal", mas eu lá me lembrava de ficar falando "bra bre bri bro bru...tra tre tri tro tru ..pra pre pri pro pru" e outros salamaleques mode cuidar dessa fala. Agora tá sem jeito, mas o dedo tá ssssssalvo!

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